Estudantes do IFMS identificam antioxidante para o biodiesel em planta do cerrado
terça-feira, fevereiro 18, 2020
A contribuição de uma planta
típica do cerrado, a cagaita ou cagaiteira, para retardar a oxidação do biodiesel foi o tema central de uma pesquisa
desenvolvida no Campus Nova Andradina do Instituto Federal de Mato Grosso do
Sul (IFMS).
Intitulado “Obtenção, síntese e
caracterização de ésteres metílicos e etílicos do óleo obtido a partir das
sementes de cagaita (Eugenia dysenterica)”, o estudo foi desenvolvido no
ciclo 2018-2019 da Iniciação Científica da instituição, tendo sido apresentado
na última edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace).
Recentemente, um artigo que descreve
o resultado da pesquisa foi publicado na revista cientifica Renewable
Energy (Energias Renováveis, em português), importante periódico
internacional que visa promover o conhecimento sobre o tema, atendendo
pesquisadores, engenheiros, economistas, associações e organizações não
governamentais.
O objetivo do estudo foi avaliar o
efeito da adição de um extrato produzido com folhas de cagaita – planta
frutífera do cerrado brasileiro, que faz parte da família Mytarceae –
em amostras de biodiesel de soja, visando comparar o efeito da degradação
oxidativa durante o período de armazenamento de 120 dias.
Pesquisa
Foi desenvolvida por meio da coleta
da cagaita e de testes de laboratório realizados no IFMS.
O estudo levou em consideração a
importância do biodiesel como uma alternativa de combustível produzido a partir
de matérias-primas renováveis (babaçu, girassol, mamona, palma e soja, entre
outras) e a vulnerabilidade do biodiesel às reações de oxidação.
“Devido à preocupação com o caráter
não renovável dos antioxidantes sintéticos, surgiu a ideia de buscar
alternativas com bom desempenho e que possam ser obtidas de fontes naturais e
renováveis”, explica o coordenador da pesquisa e professor de Química do IFMS,
Rafael Rial.
“É importante a realização de estudos
que avaliam a estabilidade do biodiesel com adição de antioxidantes, visando
inibir a oxidação desse combustível, para garantir que o consumidor final tenha
biodiesel de qualidade”, complementa.
Resultado
Com a pesquisa, abrem-se novas
perspectivas para a investigação de aditivos a serem utilizados no biodiesel,
com o intuito de atender à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), que recomenda pelo menos oito horas de estabilidade
oxidativa no biodiesel comercializado no Brasil.
A pesquisa mostrou que a cagaita
atuou como um aditivo considerável para retardar a oxidação do biodiesel,
principalmente em comparação com a quercetina, outro antioxidante bastante
utilizado. “Notou-se que as amostras adicionadas ao extrato foram mais eficazes
em retardar a oxidação do biodiesel, em vez da quercetina”, destaca Rafael.
Equipe
O desenvolvimento do trabalho teve a
participação dos estudantes Píter Santos e Luiz Felipe Melo, ambos do curso
técnico integrado em Agropecuária, que atuaram como bolsistas de iniciação
cientifica, e do técnico de laboratório do IFMS em Nova Andradina, Reginaldo
Barbosa.
O estudo também teve a colaboração de
profissionais do Instituto de Química da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul (Inqui-UFMS) e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da
Universidade de São Paulo (Esalq-USP).
“É importante desenvolver pesquisas
voltadas à sustentabilidade. É nosso papel como jovens ter um olhar que permita
melhorar o mundo”, destaca Píter Santos, estudante bolsista na pesquisa.
Luiz Felipe, 16, aluno do 5º semestre do curso técnico em Agropecuária, comenta
a experiência com a pesquisa.
“Conseguimos extrair muitos dados
que, consequentemente, foram úteis para outros estudos. Sobre o trabalho em si,
a melhor parte são as atividades práticas que, no nosso caso, vão desde a
moagem da cagaita até a ida ao laboratório para análises e resultados”, relata
o estudante que utilizará o mesmo tema no trabalho de conclusão de curso.
O outro estudante participante,
Píter, 16, também do 5º semestre, chama a atenção para a importância de
trabalhos com foco no meio ambiente.
“Hoje em dia é importante desenvolver
ideias e pesquisas voltadas à sustentabilidade. É nosso papel como jovens ter
um olhar que permita melhorar o mundo”.
Fonte: IFMS
0 comentários
Agradecemos seu comentário! Volte sempre :)