Mistura de biodiesel será decidida em março, diz governo
segunda-feira, fevereiro 27, 2023
O teor da mistura de biodiesel ao diesel no Brasil válido a partir de abril será definido em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) prevista para acontecer em março, informou nesta sexta-feira o Ministério de Minas e Energia, à Reuters.
O ministério disse ainda que o percentual atual de mistura de 10% de biodiesel prosseguirá ao longo de março, frustrando a expectativa de alguns integrantes do setor que chegaram a trabalhar com a possibilidade de um aumento já a partir do próximo mês.
A Abiove, associação das tradings e processadoras de soja, considerou a retomada do cronograma de mistura de biodiesel, projetando um B15 (mistura de 15%) ao calcular suas estatísticas de esmagamento da oleaginosa para o ano. A entidade preferiu não comentar o assunto ao ser consultada nesta sexta-feira.
Uma definição mais célere do índice de mistura de biodiesel no diesel seria importante para o planejamento do setor, uma vez que o percentual influencia no volume de processamento de soja, a principal matéria-prima do biocombustível.
No Brasil, 65,76% da produção de biodiesel se deu a partir do óleo de soja em 2022, segundo dados da agência reguladora ANP.
Além da produção de óleo, quanto maior o processamento da oleaginosa maior também é a disponibilidade de farelo de soja, usado como matéria-prima de ração animal.
Em nota, o ministério não indicou a data exata do encontro do CNPE, um órgão integrado por ministros e de aconselhamento ao presidente da República.
Nesta sexta-feira, o vice-presidente Geraldo Alckmin disse que o governo pretende aumentar o percentual da mistura de biodiesel no diesel, mas não deu detalhes.
“Precisamos aumentar o percentual do biodiesel no diesel, está em 10% e já foi 13%, foi reduzido no governo passado”, disse Alckmin, após se reunir com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Segundo o vice-presidente, o biodiesel é uma agenda positiva, pois agrega valor a produtos do Brasil, além de reduzir emissões que poluem o meio ambiente.
Oferta suficiente?
Parte do setor de biodiesel vem pedindo um retorno do crescimento gradual dos mandatos de biodiesel, com um aumento para 12% a partir deste ano.
Em relatório nesta semana, a empresa de consultoria e gestão de riscos hEDGEpoint Global Markets destacou que, embora a produção brasileira “pareça enorme a princípio”, acima de 150 milhões de toneladas, “mesmo assim pode não haver óleo de soja suficiente para um retorno à B15”.
Segundo a empresa de análises, considerando que a maior parte das estimativas aponta o esmagamento de cerca de 53 milhões de toneladas para o ano, a produção de óleo de soja não cresceria tanto quanto o necessário para suportar estes volumes.
“É precisamente por isso que parte da indústria está defendendo um crescimento gradual ao longo do ano, começando com B12 em março, e chegando a B15 no próximo ano”, comentou.
Segundo a hEDGEpoint, mesmo um aumento gradual pode apertar o balanço do óleo de soja brasileiro e limitar a quantidade disponível para exportação, “alimentando a pressão de alta deixada pela menor produção de soja da Argentina”.
A propósito, custos do diesel e impactos de uma mistura maior de biodiesel são uma preocupação especialmente dos transportadores no Brasil.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou nota nesta sexta-feira afirmando que o eventual acréscimo do teor do biodiesel irá gerar custos adicionais ao valor do frete, que serão transferidos a toda população, “traduzindo-se em acréscimos inflacionários e encarecendo ainda mais o transporte e, por consequência, os produtos consumidos e exportados”.
A entidade conclamou representantes da indústria do biodiesel, dos órgãos governamentais e da sociedade civil a “participarem de estudos independentes que apontem o teor mais favorável da mistura para o meio ambiente e para o funcionamento dos motores”.
Para a CNT, “ao contrário do que se propaga, o aumento do percentual do biodiesel na mistura obrigatória ao diesel prejudica o meio ambiente, já que diminui a eficiência energética dos motores, aumentando o consumo”.
Fonte: MONEY TIMES
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