Ação climática global depende de apoio da sociedade a políticas públicas, mostra estudo do FMI
sexta-feira, fevereiro 10, 2023
As pessoas em todo o mundo se preocupam com as mudanças climáticas, mas essa preocupação por si só não se traduz em apoio a políticas de mitigação climática. É o que mostra um relatório, divulgado nesta quinta-feira (9) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) com base em uma pesquisa feita para ilustrar como as pessoas percebem os riscos das mudanças climáticas e seu apoio às ações dos governos.
As respostas também mostram que aqueles que estavam mais preocupados com a crise climática tendem a ser mulheres, mais educados, seguidores de notícias e mais receptivos ao papel do governo na regulação da economia. Os dados mostram que os usuários de transporte público e aqueles que dependem menos de carros também estão mais preocupados com as mudanças climáticas.
A pesquisa, que ouviu quase 30 mil pessoas em 28 países entre julho e agosto de 2022 através da plataforma de pesquisas de mercado YouGov, cobriu economias avançadas e emergentes e incluiu 20 dos 25 maiores emissores, bem como nove dos 25 países mais expostos às mudanças climáticas.
Os resultados oferece aos formuladores de políticas uma melhor compreensão de como enfrentar o desafio urgente da mudança climática. Embora os governos tenham metas ambiciosas, o mundo ainda não está no caminho certo para conter o aquecimento global em 1,5ºC a 2ºC. De acordo com os cientistas, não conseguir colocar as emissões no curso correto até 2030 pode travar o aquecimento global acima de 2ºC e arriscar um ponto de inflexão catastrófico no qual a emergência climática se perpetuaria.
Conforme o estudo, fornecer até mesmo pequenas quantidades de informações sobre a eficácia e os benefícios das políticas - incluindo "cobenefícios", como melhor qualidade do ar e melhor saúde - pode gerar maior apoio. Esse apoio, no entanto, pode durar pouco se as compensações políticas não forem explicitadas, destacando a importância de garantir que o público entenda os custos e benefícios relativos das opções políticas disponíveis.
Os governos, aponta a pesquisa, podem apoiar melhor a necessidade urgente de transições verdes com alguns passos importantes:
- educar o público sobre as causas e consequências das mudanças climáticas e os custos da inação;
- falar sobre os custos da inação, como a poluição, e os benefícios de abordá-los, como melhorias na qualidade do ar, saúde e proteção de famílias de baixa renda;
- enfatizar que as políticas funcionam, então as compensações valem a pena;
- ressaltar o espírito compartilhado de solidariedade e a necessidade de fortes políticas climáticas em uma ampla gama de economias.
Algumas das políticas economicamente mais eficientes, como a precificação do carbono com base no conteúdo de combustíveis ou em suas emissões, muitas vezes enfrentam resistência política. As pesquisas destacam que a preocupação com o clima, por si só, não se traduz em amplo apoio às políticas de precificação do carbono, como impostos sobre o carbono ou sistemas de comércio de emissões.
A precificação do carbono é mais aceitável quando apresentada junto com informações sobre o impacto da mudança climática, como funciona a precificação e opções de uso da receita gerada. Notavelmente, as pessoas apoiam mais a política se as receitas geradas forem usadas para proteger grupos economicamente vulneráveis do impacto adverso das políticas climáticas.
Subsidiar investimentos verdes, mostra a pesquisa, encontra grande apoio em todos os países, enquanto os oponentes frequentemente citam preocupações sobre corrupção e ineficácia das políticas, sugerindo que o gasto público e a eficiência do investimento são importantes para aumentar o apoio ao "esverdeamento" da economia.
A pesquisa aponta para um apoio mais amplo à ação coletiva e maior terreno comum para a elaboração de acordos internacionais do que o esperado. A maioria dos entrevistados em todos os países pensa que a política de mudança climática só será eficaz se a maioria dos países adotar medidas para reduzir as emissões de carbono.
A maioria dos entrevistados em economias de mercado avançadas e emergentes acha que todos os países, não apenas os ricos, deveriam pagar para lidar com as mudanças climáticas. Além disso, uma grande parcela dos entrevistados na maioria dos países diz que o compartilhamento de responsabilidades deve ser baseado nas emissões atuais e não nas históricas. O público provavelmente apoiará políticas climáticas caras se outros países o fizerem, tanto porque isso aumenta as chances de atingir as metas globais de emissões líquidas zero quanto porque esses esforços repercutem como justos.
Fonte: Um só Planeta
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