Informações florestais auxiliam na promoção da bioeconomia com foco na araucária
quarta-feira, dezembro 23, 2020
Em 10/12, a Embrapa Florestas realizou o último Painel on-line da Série "Araucária: Pesquisa, Inovação e Tecnologias para Sistemas de Produção", abordando o tema legislação e políticas públicas para a araucária.
Valdir Colatto e Humberto Navarro, diretor geral e diretor de pesquisas e informação florestal do Sistema Florestal Brasileiro (SFB), falaram a respeito das Informações Florestais para promoção da Bioeconomia com foco na araucária. Segundo Colatto, o SFB, atualmente sob responsabilidade do Ministério da Agricultura, tem trabalhado em prol de uma reestruturação de processos relacionados à floresta plantada. “O Código Florestal Brasileiro já diz que floresta plantada é uma atividade agrícola, então, nós precisamos fazer com que realmente aconteça essa participação efetiva”, diz Colatto.
Segundo o diretor geral do SFB, além das concessões florestais, com as florestas nacionais (flonas), e também com o Cadastro Ambiental Rural (CAR), busca-se realizar um trabalho com as florestas plantadas. “Temos experiência das concessões das florestas públicas que eu acredito ser possível utilizar. Pretendemos montar uma proposta para a questão da floresta plantada e a floresta nativa, como também fazer um plano de manejo, já que o Código Florestal autoriza o manejo florestal em florestas nativas também, dentro da Reserva Legal. Então, eu acho que é importante a gente trabalhar esse processo”, acredita.
Outra área que, segundo o diretor geral do SFB, tem recebido muita atenção é a da biotecnologia. “A biotecnologia atua sobre o subproduto da araucária, do qual a madeira é o principal, desde que se encontre um caminho legal para que ela possa ser utilizada sustentavelmente. Nos dispomos a correr atrás de normas que venham ao encontro dessa necessidade para que as pessoas possam plantar e colher”, diz.
Em seguida, o diretor de pesquisas e informação florestal do Sistema Florestal Brasileiro (SFB), Humberto Mesquita Navarro, mostrou o que está sendo feito com os inventários florestais para promoção da bioeconomia da araucária na região sul. Navarro abordou também as recentes mudanças conceituais da área de desenvolvimento florestal. “Da década de 80 para cá tivemos uma certa ruptura, e esse tema ficou adormecido em função da questão de proteção, comando e controle e talvez seja necessário rever alguns aspectos. A sociedade está pensando nisso, nós aqui nessa discussão estamos pensando. A proteção é importante, mas o desenvolvimento é muito importante também”, afirma.
Navarro mostrou os dados de produção de pinhão no Brasil, que corresponde a quase 10 mil toneladas de produção anual. 83% dessa produção se concentra na região Sul, com destaque para os municípios de Campos de Lages-SC (2.923 toneladas) e Guarapuava-PR (1.404 toneladas), os maiores produtores. O diretor de pesquisas mostrou gráficos de produção e valor com o passar dos anos, evidenciando uma elevada variação no preço da tonelada por microrregião. Navarro também compartilhou um exercício do uso dos dados florestais do SNIF para a produção de informações, com o intuito de evidenciar a utilidade dos dados, mostrando, por exemplo, onde tem o recurso florestal, qual o tipo de propriedade e como ela está organizada.
Foram mostrados dados de ocorrência da araucária, a densidade de indivíduos e onde predominam os pequenos imóveis (agricultura familiar), bem como dados do remanescente de vegetação nativa declarada no CAR- regularidade florestal. Com essas informações reunidas, foi possível gerar um índice para identificar regiões com um potencial de desenvolvimento da cadeia produtiva do pinhão.
“O inventário pode contribuir para resolver questões, como por exemplo, mostrar se a araucária está ou não extinta, a ocorrência, o recrutamento (se nascem novos indivíduos), pois o inventário mede indivíduos adultos e jovens. E, sim, estão nascendo novos indivíduos!”, afirma. Uma novidade trazida se refere à disponibilização de dados brutos. A partir de novembro de 2020, os dados brutos do inventário do SFB foram disponibilizados, em formato aberto, possibilitando que sejam processáveis, possibilitando diversas aplicações das informações.
Ao final das palestras, o chefe geral da Embrapa Florestas, Erich Schaitza, que moderou os painéis, comentou que na região Sul, a cobertura florestal tem crescido, por dois fatores: primeiro o uso de sensores remotos, satélites, de melhor resolução, pois vimos que há muitas pequenas florestas, não identificadas em levantamentos mais antigos. Outro fator é a consolidação de uso de áreas de relevo acentuado e matas ciliares, com vários programas desenvolvidos pelo governo e sociedade ao longo do tempo. Um levantamento recente do IAT mostra que temos 29% do território do Paraná coberto por florestas, uma área significativa. Nosso intuito é usar essas imagens de novos sensores e juntá-las à riqueza de dados do inventário florestal para construirmos um plano de futuro”, diz Schaitza.
O Painel completo por ser acesso no Canal da Embrapa no Youtube.
Os eventos foram organizados pela Embrapa Florestas e contaram com a parceria do IDR-Paraná, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
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