Investir em árvores: um negócio rentável?
terça-feira, fevereiro 25, 2020
A demanda por madeiras roliças vem apresentando forte crescimento, e a tendência é que o mercado se amplie ainda mais nos próximos anos, impulsionado, principalmente, pelos segmentos moveleiro e da construção civil. Segundo o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), atualmente, no Brasil são extraídos 11 milhões de metros cúbicos de madeira tropical oriunda de florestas naturais.
O SFB prevê
uma redução de 64% da oferta até 2030, sendo que neste mesmo período a demanda
deve quadruplicar, chegando a 21 milhões de metros cúbicos ao ano.
Considerando
a alta procura e baixa oferta de madeira dura tropical proveniente da Amazônia,
especialistas temem que o mercado vivencie o fenômeno chamado “Apagão
Florestal”, que seria a escassez de madeira comercializável.
De acordo
com o Instituto Brasileiro de Florestas (IBF), que desenvolve material genético
para produção de madeiras nobres, haverá a diminuição de áreas privadas para
produção e extração de madeiras devido a pressões na Amazônia e, por outro
lado, ocorrerá o aumento na demanda por madeiras nobres serradas.
Segundo a
empresa do setor florestal, o Brasil tem 30 mil hectares plantados de mogno
africano, isto é, somando plantios organizados, consorciados e pequenas
iniciativas em todo país. Mas tem um déficit de cerca de 16 milhões de metros
cúbicos, que se fosse para plantar tudo em mogno, representaria cerca de 50 mil
hectares plantados e produziria 500 a mil hectares por ano.
Em 2016, por
exemplo, os produtos madeireiros provenientes da extração vegetal (floresta nativa)
foram responsáveis por uma movimentação de R$2,8 bilhões, enquanto a produção
da silvicultura (florestas plantadas) foi de R$13,7 bilhões.
O IBF
acredita que o desafio do setor é implantar novas florestas capazes de atender
a demanda do mercado de forma sustentável e equilibrada, sendo aptas a atender
as exigências do mercado consumidor.
Gestão de
árvores
Árvores de
Teca, Mogno Africano e Jequitibá Rosa com sete anos.
Foto: Forte
Florestal/Divulgação
Foi com esse
objetivo que o economista, Felipe Passos e o engenheiro florestal Alessandro
Ribeiro fundaram a Forte Florestal, uma empresa brasileira que faz a
produção e gestão de árvores, como Mogno Africano, Teca e Jequitibá Rosa.
“Essas espécies
têm um ciclo, para produção comercial, de 18 a 20 anos e madeira de excelente
qualidade com ótima aceitação no mercado e valores bastante elevados para a
venda, trazendo grandes retornos financeiros aos investidores”, explica o CEO
da Forte Florestal, Felipe Passos.
Para ele, o
investimento é indicado para pessoas que desejem diversificar seus
investimentos e se interessem em um ativo real alinhado com a preservação do
meio ambiente.
Um exemplar
da espécie Jequitibá Rosa em floresta nativa. A árvore é típica da Mata
Atlântica.
Foto: Pinterest
Foto: Pinterest
“O aporte
mínimo é em torno de R$ 200 mil, que poderá ser parcelado ao longo dos três
primeiros anos do plantio. A rentabilidade média, em hectares, é de uma
produção de 200 m³ de madeira serrada ao longo do ciclo de 20 anos com o preço
médio de venda a R$ 2.500,00 o m³”, informa.
Além da
madeira, existe ainda a possibilidade da capitalização da floresta com a
emissão de créditos de carbono, que são títulos negociados na bolsa de valores
comprados por empresas que buscam mitigar suas emissões de gases causadores do
efeito estufa. As florestas plantadas são grandes responsáveis pela captura de
gás carbônico da atmosfera.
“O impacto
principal do plantio de florestas comerciais é abastecer o mercado com madeira
de qualidade e inibir a extração ilegal de madeira das florestas nativas, além,
é claro, dos impactos diretos que ocorrem no solo, nas águas e, principalmente,
no ar”, afirma Passos, lembrando que o mercado de créditos de carbono ainda
terá novidades ao longo de 2020.
Como
funciona
Imagem
parcial do viveiro da Forte Florestal, com mudas de diversas espécies.
Foto: Forte Florestal/Divulgação
Foto: Forte Florestal/Divulgação
A
empresa indica uma área com potencial de plantio para o investidor
adquirir, planta a muda e cuida da floresta durante todo o ciclo da
árvore, até que elas estejam prontas para o corte. Além disso, também beneficia
a madeira retirada e representa o cliente na venda final para o comprador.
“Executamos
todas as etapas do plantio para o cliente como: limpeza da área, preparo do
solo, produção das mudas, plantio, replantio e manutenção da floresta ao longo
do ciclo da madeira”, conta o CEO.
De acordo
com o número de clientes interessados, uma nova fazenda é comprada e dividida
em alqueires. Cada lote comprado tem cerca de 50% de área para plantação e 50%
de Mata Atlântica nativa, que não pode ser explorada. Isso garante que a área
de preservação se mantenha.
Além disso,
o solo utilizado para a plantação, antes degradado, vai sendo enriquecido com
micro-organismos, água e restos vegetais decorrentes da floresta em
desenvolvimento.
“Os
critérios básicos para escolha da área plantada é como a avaliação de qualquer
cultura como: análise do solo e adaptabilidade da espécie a ser plantada com a
oscilação de temperatura e quantidade de chuva do local do plantio”, ensina
Passos.
Hoje, sete
anos depois da primeira fazenda, já são cerca de 50 clientes, oito fazendas e
mais de 1 mil hectares de área plantada. Tudo isso em uma região estratégica, a
cidade de Jacupiranga, no Vale do Ribeira, a 200 km do Porto de Santos e a 180
Km do Porto de Paranaguá
Plantações
para reduzir a pressão sobre as florestas naturais
Segundo a
WWF, a demanda líquida pela madeira provavelmente aumentará, mesmo se
houver um uso mais contido, com reciclagem crescente e maior eficiência.
Se a
destruição de florestas naturais ficar próxima de zero após 2020, sem que haja
uma redução significativa no consumo, até 2050, precisaremos de 250
milhões de hectares de novas plantações de árvores. Isso é quase o dobro
dos plantios hoje existentes. Portanto, plantações bem manejadas e que
contribuam para restaurar os ecossistemas, principalmente se feitas em terras
que já estão degradadas, desempenharão um papel cada vez mais relevante.
A crescente
carência certamente também irá pressionar enormemente as florestas naturais. O
relatório Florestas Vivas, da WWF, indica que, até 2050, a colheita comercial
(de madeira) atingirá 25% mais florestas do que hoje. A certificação florestal
continuará a ser um instrumento importante para melhorar as práticas de manejo
florestal por meio de um mecanismo de mercado.
O relatório
da WWF preconiza que até 2050, a necessidade anual de madeira para uso
energético poderá chegar a 6 e 8 bilhões de metros cúbicos, demandando
mais do que o dobro da madeira hoje retirada para todo tipo de uso.
Isso
representa um desafio para o planejamento do uso sustentável da terra, segundo
a Rede WWF. Para ela, a bioenergia tem um importante papel entre as diversas
alternativas para combustíveis fósseis, além de oferecer outras fontes de renda
e maior segurança energética para as comunidades rurais.
Fonte: Folha MT
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