Na abertura, presidente da conferência do clima pede união para articular ação global
KATOWICE (POLÔNIA) - Com a missão de criar um
plano de ação para implementar o Acordo de
Paris, a Conferência
das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-24, foi aberta
neste domingo, 2, em Katowice, na Polônia. O
encontro, que seguirá até o dia 14, reúne cerca de 30 mil delegados de 197
países.
“Não devemos esquecer as razões pelas quais estamos
aqui. Estamos aqui para articular a ação global contra mudanças
climáticas. Nenhum governo sozinho pode resolver esse problema. É
hora de dar vida ao Acordo de Paris”, declarou o polonês Michal Kurtyka,
presidente da COP-24, na abertura.
"Nenhum
governo sozinho pode resolver esse problema", afirmou o polonês Michael
Kurtyka, presidente da COP-24 Foto: Andrzej Grygiel/EFE
Assinado em 2015, o Acordo de Paris tem o objetivo
de conter as emissões de gases de efeito stufa e manter o aumento da
temperatura do planeta abaixo de 2ºC, se possível em até 1,5°C. No centro da
COP deste ano está o financiamento das ações necessárias, considerando a meta
de doação de pelo menos US$ 100 bilhões (cerca de R$ 386 bilhões) por ano de
países desenvolvidos para as nações de menor renda.
Entre as ações que devem ser promovidas está a
proteção de ecossistemas que absorvem gases causadores do efeito estufa, como
as florestas, além do fortalecimento de iniciativas de adaptação e de redução
da vulnerabilidade aos efeitos das mudanças climáticas.
A organização da COP-24 também espera estimular que
os países criem planos para iniciar o cumprimento das metas a partir de 2020,
data estabelecida pelo Acordo de Paris. A expectativa é de que os países
acordem como serão feitos os registros e como os governos reportarão suas
emissões de gases de efeito estufa.
Neste ano, a delegação brasileira, representada por
integrantes do Itamaraty,
do Ministério do
Meio Ambiente, da academia e da sociedade civil, está menor e, para
especialistas, deverá ter uma atuação diferente da dos anos anteriores, em
razão das posições do presidente eleito, Jair Bolsonaro,
e da desistência do futuro governo de sediar, em 2019, a COP-25.
“A delegação brasileira vai estar profundamente
constrangida e inibida com a situação. E o Brasil, que sempre foi vanguarda nos
processos negociadores, sempre teve um grande papel de articulação dos outros
países, possivelmente será o mais discreto possível”, afirma o coordenador
executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Alfredo Sirkis.
Para ele, a COP deste ano terá importância
política. Sirkis afirma que terão peso durante as discussões o anúncio do
presidente americano, Donald Trump, de que os Estados Unidos sairão do Acordo
de Paris, além de aceno semelhante feito por Bolsonaro.
Também deve influenciar o clima político a recém
realizada reunião do G-20 em Buenos Aires. Nela, o presidente da França,
Emmanuel Macron, afirmou que os acordos comerciais do seu país estão
condicionados ao compromisso dos governos da América Latina em relação ao
Acordo de Paris. Na ocasião, os presidentes dos países latino-americanos, entre
eles Michel Temer, reforçaram a adesão ao Acordo de Paris.
De acordo com o secretário de Mudança do Clima e
Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Thiago Mendes, o Brasil apresentará
42 projetos de empresas e da sociedade civil que promovem baixas emissões de
CO2. “Isso é muito inovador. Não vimos nenhum país trabalhando nessa linha, com
número de casos tão vasto e tão diverso.”
Mendes também afirmou que serão apresentados “dados
sólidos” da redução do desmatamento no País dos últimos dez anos. “Mesmo tendo
variações, caímos de mais de 20 mil m2 (desmatados) para 7,9 mil m2 por ano.”
No fim de novembro, o governo divulgou aumento de 13,7% no desmate entre agosto
de 2017 e julho de 2018, em comparação ao ciclo anterior.
Cidade-sede. Tradicionalmente associada à
exploração de carvão e à indústria pesada, a pequena Katowice, com 300 mil
habitantes, foi a escolhida para sediar a COP-24.
A mineração de carvão, principal base energética da
Polônia, foi revitalizada no município, que se tornou referência por adotar
novas tecnologias, modernizar o setor de negócios e atrair investimentos
sustentáveis. Mesmo assim, a organização da COP-24 espera forte presença do
lobby dos combustíveis. /COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS E AGÊNCIA
BRASIL
Banco Mundial
O Banco Mundial (BM) anunciou neste domingo um
plano de investimento de US$ 200 bilhões para combater a mudança climática
entre 2021 e 2025, um número que duplica a quantidade do período anterior.
O órgão, com sede em Washington, detalhou que este
programa, cujo anúncio coincidiu com o início da Cúpula do Clima da Polônia,
pretende "reconhecer o impacto da mudança climática na vida das
pessoas", especialmente nos países mais pobres do mundo e em
desenvolvimento.
"A mudança climática é uma ameaça existencial
para os mais pobres e vulneráveis do mundo. Estes novos objetivos demonstram o
quão seriamente estamos levando esta questão", afirmou em comunicado o
presidente do Grupo Banco Mundial, Jim Yong Kim. Nessa nota, Kim pediu à
comunidade global que tome mais ações contra a mudança climática.
O pacote anunciado pelo BM tem o objetivo de
construir sistemas de proteção social contra a mudança climática em 40 países e
financiar "investimentos em agricultura inteligente" em 20 países.
Além disso, pretende ajudar cem cidades para que
alcancem um planejamento urbano "sustentado e de baixa emissão de
carbono" e um desenvolvimento orientado ao trânsito, entre outras
iniciativas.
O BM contribuirá com a metade dos fundos do plano,
enquanto o resto será arrecadado pela Corporação Financeira Internacional, pela
Agência Multilateral de Garantia de Investimentos e recursos de capital
privado.
O anúncio do BM coincide com o início da Cúpula do
Clima (COP24), que começou neste domingo em Katowice, na Polônia, com a
missão de encontrar as fórmulas para implementar o Acordo de Paris de 2015, que
pede para se frear o aquecimento global baixando de forma drástica as emissões
poluentes. / EFE
Entenda o aquecimento global
Temperatura da Terra
Em outubro, o Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC) indicou que a Terra já está 1°C mais quente do que
antes da Revolução Industrial.
Efeitos
As consequências do aquecimento já podem ser
percebidas: a ocorrência de mais eventos extremos – como a onda de calor no
verão europeu e os incêndios nos EUA –, a alta do nível do mar e o derretimento
do gelo do Ártico.
Longe da meta
Se for mantido o ritmo atual de emissões de gases
de efeito estufa, o planeta esquentará 1,5°C entre 2030 e 2052, estimam os
pesquisadores.
Fonte: O Estado de São Paulo
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