A previsão de 30% de crescimento no mercado de etanol em 2018 está impulsionando o desenvolvimento de indústrias no setor e fez surgir a primeira usina de etanol 100% à base de milho doBrasil, em Lucas do Rio Verde (MT). Comobras já iniciadas, a companhia realizará um investimento de R$ 350milhões e a previsão é que sejam moídas 1,3 milhão de toneladas de milho por ano, levando a uma produção anual, após o término das obras, de 530 milhões de litros de etanol, 400 mil toneladas de farelo de milho, 15 mil toneladas de óleo de milho e capacidade de cogeração de energia de 132MW/h, suficiente para abastecer uma cidade de cerca de55 mil habitantes
O esperado aumento na demanda por etanol no Brasil, país que vem retomando o crescimento econômico e tem o programa RenovaBio em vias de ser implementado, será inicialmente suprido pelo álcool produzido a partir do milho.
Ricardo Tomczyk, que dirige a recém-criada União Nacional do Etanol de Milho (Unem), diz que o produto tem uma vantagem importante sobre etanol de cana-de-açúcar: a capacidade de produção pode ser adicionada rapidamente.
“Não há canaviais disponíveis no Brasil atualmente (para aumentar a produção). Uma empresa leva cerca de quatro anos para formar um novo canavial pronto para produção. Além disso, o produto etanol é praticamente idêntico ao etanol de cana. A vantagem está na grande disponibilidade de matéria-prima (milho), na rapidez, no custo da implantação dos projetos e na produção dos coprodutos, como o óleo de milho e o farelo (DDG), excelente componente para ração animal”, disse Tomczyk, acrescentando que no caso do etanol de milho seria necessária a construção de uma nova unidade, o que leva em torno de um ano e meio.
As vendas de etanol estão aumentando no Brasil à medida que sua vantagem de preço sobre a gasolina cresce.
Concorrente direto
A comercialização de etanol hidratado, concorrente direto da gasolina em carros flex, avançou 33% em novembro frente a igual período do ano anterior.Um maior impulso ao biocombustível deve vir do RenovaBio, programa federal para aumentar o uso de renováveis no País.
Autoridades do governo estão trabalhando atualmente na regulamentação do programa, que visa estabelecer metas de descarbonização a partir do maior uso de biocombustíveis por distribuidoras.
O governo espera que a demanda por etanol seja duplicada até 2030. O RenovaBio deve estar totalmente operacional em 2020.
Para breve
Quase todo o etanol produzido no Brasil vem do processamento de cana-de-açúcar, mas algumas unidades à base de milho iniciaram operações recentemente e outras são esperadas, afirmou Tomczyk, em especial em Mato Grosso, maior produtornacional do cereal.
A ampliação de uma usina e quatro novas instalações foram anunciadas nas no final de fevereiro. Três dos quatro novos projetos serão instalados juntamente a plantas de cana existentes.“Mato Grosso deve produzir cerca de 03 a 04 bilhões de litros de etanol de milho por ano em cinco anos, de 400 milhões de litros atualmente”, disse Tomczyk, que já foi diretor da associação de produtores Aprosoja.
Ele acrescenta que os DDGs (grãos secos de destilaria), um subproduto de usinas de etanol de milho utilizados para a alimentação animal, irão aumentar as receitas dos novos projetos, uma vez que Mato Grosso abriga o maior rebanho bovino do Brasil, com 30 milhões de cabeças.
A previsão é que o Mato Grosso venderá a produção futura de etanol para Estados vizinhos no Centro-Oeste, bem como a áreas mais ao Norte, como Pará.
Como tudo aconteceu
O milho tornou-se uma importante cultura para o Brasil, que há 20 anos era importador e atualmente é um dos principais exportadores mundiais do grão. “O Brasil, que consome atualmente 56 milhões de toneladas, agora exporta mais de 30 milhões. Saímos de uma produtividade média nacional há10 anos de 2.600 kg/ha para 5.600 na última safra, mostrando o quanto avançamos e ainda podemos avançar. Temos produtores alcançando 10.000 kg/ha, confirmando que podemos ganhar muito ainda em produção na mesma área e também expandir na segunda ou primeira safra”, considera Glauber Silveira da Silva, engenheiro agrônomo, conselheiro da Aprosoja, presidente da Arefloresta (Associação dos Reflorestadores de MT) e vice-presidente da Abramilho.
Paralelamente se iniciouem Mato Grosso, desde 2012, uma oportunidade, que é a produção de etanol de milho, uma indústria que vem crescendo rapidamente, seja nas indústrias aliadas à cana ou exclusivas de milho.
O mercado de etanol apresenta uma boa perspectiva de crescimento nacional e para importação, segundo dados do MME (Ministério de Minas e Energia), além do fato de que a demanda pelo DDG oriundo desse beneficiamento pelas cadeias de bovinocultura, piscicultura, suinocultura e avicultura deverá ser firme e crescente, dada a expectativa de aumento da produção dessas cadeias, principalmente pelo incremento em suas produtividades.
Produção de etanol no mundo em 2017 | |
Países | Milhões de litros |
Estados Unidos | 58.025,58 |
Brasil | 28.692,67 |
União Europeia | 5.212.51 |
China | 3.198,67 |
Canadá | 1.650,44 |
Tailândia | 1.218,90 |
Argentina | 999,35 |
Índia | 851,72 |
Demais | 1.854,85 |
Mundo | 101.706 |
Fonte: ANP/RPA
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