Agronegócio ganha com política de carbono zero
terça-feira, março 14, 2023
A estratégia de carbono zero no agronegócio, um dos quatro pilares do Pacto Global da ONU, traz para o Brasil oportunidades de negócios superiores às de qualquer outro país. Investimentos entre US$ 14 bilhões e US$ 20 bilhões por ano, novas tecnologias e modelo de produção agropecuária carbono zero no país podem agregar ao PIB nacional entre US$ 40 bilhões e US$ 60 bilhões por ano, de acordo com os cálculos de Ned Harvey, CEO da Digital Gaya, especialista em tecnologias de práticas regenerativas:
— O Brasil tem a oportunidade da vida nesse momento.
Para atingir tais cifras, o país precisa facilitar acesso dos pequenos produtores da região a essas tecnologias, de modo que possam usar seu conhecimento na transição para produção sustentável:
— Os investidores globais precisam confiar que terão o retorno esperado. Eles precisam acreditar que o Brasil é o lugar para aportar recursos na produção de superalimentos e produtos s sustentáveis.
O agronegócio é setor-chave para desenvolvimento sustentável. Líder na exportação de carne bovina no mundo e um dos maiores de soja, o Brasil tem o desafio de aumentar sua produção numa agropecuária de baixo carbono.
Estudos mostram que os projetos atuais poderão mitigar, até 2030, 215 megatoneladas emissões de carbono. O consumo de carne no mundo não para de crescer. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), até 2030 o consumo médio global per capita deverá aumentar 14,2%. Hoje, é de 34,1 kg, chegando a 60 kg nos países desenvolvidos.
Daniel Vargas, coordenador do Observatório de Bioeconomia da FGV, cita que 50% das emissões brasileiras vêm do desmatamento, outros 25% estão associados à agricultura e pecuária.
Improdutivo
Alessandra Fajardo, da Bayer, diz que o aumento da produção demanda preservação:
— Não precisamos mais de área para produção. Precisamos produzir mais nas áreas já disponíveis —afirma Fajardo.
Para cada hectare plantado hoje no Brasil, há cerca de três hectares abandonados em regiões potencialmente férteis.
Paula Costa, fundadora da Preta Terra, afirma que há técnicas ainda pouco usadas que podem ser expandidas:
— Podemos recuperar áreas degradadas com agricultura regenerativa, por meio da produção de grãos, pecuária ou sistemas agroflorestais.
Renata Piazzon, diretora do Instituto Arapyaú, diz que não se pode falar em desmatamento sem tratar do desenvolvimento que promova a transformação do território:
— Das 4,5 mil comunidades indígenas e quilombolas da Amazônia, só uma tem conectividade. Isso dificulta a disseminação da tecnologia de baixo carbono. Temos que olhar para as 30 milhões de pessoas que lá vivem. Não dá para falar de alternativas que mantenham a floresta em pé sem qualidade de vida para a população”.
Fonte: O Globo
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