Soja: quando realizar a coleta para diagnose de nematoides?
terça-feira, outubro 25, 2022
Avaliando a última safra de soja, especialmente em Mato Grosso e no Centro-Oeste, foi evidente o aumento da incidência de nematoides nas lavouras. O alerta é da pesquisadora e nematologista da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Tânia Santos, que ressalta que é preciso ficar de olho no manejo para o ciclo 2022/23.
Para orientar e sanar dúvidas, principalmente sobre o momento certo de identificação desses patógenos, a instituição realiza nesta terça-feira (25), a partir das 19h (horário de Mato Grosso), a live gratuita “É Hora de Cuidar”, com participação de Tânia e da também pesquisadora e doutora em fitopatologia, Rosangela Silva.
Uma das temáticas do evento é o monitoramento e o momento certo de coleta para a avaliação dos nematoides. Esse assunto é apontado pela especialista Tânia como fundamental para o sucesso do manejo.
Redução de tamanho no florescimento
Ainda pode ocorrer de muitas vezes não haver redução no tamanho das plantas, mas no florescimento. De acordo com ela, pode acontecer o abortamento de vagens e amadurecimento prematuro. “Comumente esses sintomas não são tão evidentes, por isso é importante fazer a análise nematológica, para identificar o tipo de nematoide e a população presente”, reforça.
Fazer a coleta de solo e raízes, sempre que identificar ou observar algum sintoma, ou ainda quando houver queda de produtividade na safra anterior, são outras recomendações de Tânia.
Ela destaca ainda que é preciso enviar a um laboratório de confiança para análise. “O momento certo de coletar essas amostras é no início da floração da cultura da soja até a maturação. Esse é o período ideal, porque o nematoide completa de dois a três ciclos nas raízes da planta”, sinaliza a profissional.
Vilões de várias safras
O problema com os nematoides em Mato Grosso tem aumentado nos últimos anos, e a preocupação maior é com: Meloidogyne javanica, Meloidogyne incognita e Heterodera glycines, e não menos importante o nematoide das lesões (Pratylenchus brachyurus), frequentemente encontrado nas amostras de solo e raízes. Entretanto, ainda existe o Rotylenchulus reniformis, que pode não ocasionar perda na soja, mas sim na cultura subsequente.
O aumento da população desses patógenos não ocorre só no estado, mas também em toda a região Centro-Oeste do país, que segundo a pesquisadora da Fundação MT, se deve ao monocultivo (soja/milho ou soja/algodão), e a utilização de cultivares de soja suscetíveis ao longo das safras.
Como realizar a amostragem para diagnose de nematoides
Para que os resultados estejam de acordo com a realidade da fazenda, é necessário realizar a coleta de amostras para a diagnose da maneira mais correta possível e no tempo certo. Para a coleta de solo e raízes é recomendado que estas sejam feitas no início da floração da cultura, aproximadamente aos 40 ou 60 dias após a emergência.
A especialista também alerta que, ao fazer a coleta, é preciso utilizar ferramentas corretas, tais como enxadas, enxadões e pás, além de sempre identificar a embalagem que for colocar esse material, sendo esta de plástico para não perder as características iniciais da amostra.
Outra orientação importante é coletar na profundidade de 0 a 25 ou 30 cm. “Com destaque para obter 10 subamostras a fim de formar uma amostra composta e aí desta homogeneizar bem e enviar para o laboratório ao menos 1kg de solo e 20 gramas de raízes, devidamente embalada e identificada de acordo com a área amostrada”, completa Tânia.
É preciso mudar
Os danos causados pelos nematoides na soja são muito significativos, especialmente no Cerrado brasileiro como um todo, onde existem condições favoráveis ao desenvolvimento e multiplicação deles.
Para a pesquisadora, falta ao produtor aprender a conviver com esses patógenos, pois uma vez presentes na área é impossível erradicá-los. “Por isso é tão importante fazer a correta diagnose da espécie que está na lavoura, aliada ao uso de ferramentas de manejo comprovadamente eficientes, baseadas em resultados de pesquisa. Assim, é possível melhorar a situação”, diz.
Várias ferramentas de manejo estão disponíveis no mercado, com diferentes graus de eficiência, dependendo do trabalho adotado pela fazenda. Dentre essas tecnologias, Tânia destaca as seguintes:
- Cultivares resistentes
- Rotação de culturas
- Utilização de nematicidas químicos e/ou biológicos
- Culturas de cobertura para introdução de matéria orgânica no sistema
Segundo ela, cabe ao produtor analisar a relação custo/benefício de cada ferramenta e escolher a que mais se adequa à sua lavoura.
Fonte: Canal Rural
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