Cacau em agrofloresta ajuda a evitar queimadas e desmatamento na Amazônia
terça-feira, julho 05, 2022
Relevante produtor de cacau no Brasil, o Pará representa 47,15% da produção nacional do fruto. Dos 250 mil hectares, 80% estão em sistemas agroflorestais (SAFs), o que tem contribuído para a redução de desmatamentos e queimadas na Amazônia. A constatação é de um estudo inédito da Embrapa Amazônia Oriental para mapear as áreas cacaueiras do Estado. Adriano Venturieri, pesquisador da Embrapa, diz que o consórcio entre cultivos e árvores tende a se intensificar no Pará, pois é a comprovação da geração de renda com a floresta em pé.
“Propriedades com cacau têm menos desmatamento do que aquelas sem cacau, e também utilizam menos fogo para preparo da área por se tratar de uma cultura perene”, ele diz. Além disso, a integração entre espécies que compõem o sistema traz uma série de benefícios, segundo Venturieri, como proteção de solo, água, matéria orgânica e estoque de carbono.
A análise territorial foi feita com base em mapas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em sobreposição com as declarações do Cadastro Ambiental Rural (CAR). A partir disso, foi possível observar que 99,54% das áreas mapeadas não apresentam problemas em relação a áreas protegidas. Somente 0,46%, dos 70 mil hectares de cacau do Estado, está presente em Área de Preservação Ambiental (APA), que permite atividades produtivas.
Adriano Venturieri conta que o consórcio do cacau com árvores dificulta a identificação das áreas produtivas via imagem de satélite. Quase 30% das áreas mapeadas com cacau ainda são identificadas como floresta primária pelo PRODES. Já 20,6% (14.434 hectares) das áreas são mapeadas como vegetação secundária. “Os dois estão certos. Tem um fragmento florestal antigo, capturado pelo satélite, e o cacau no sub bosque que restou”, esclarece.
Outro dado destacado pelo pesquisador é que 36,3% da expansão do cacau no Pará ocorreu em áreas de pastagem degradada. “Quando os mercados internacionais olharem para o cacau da Amazônia, é preciso mostrar responsabilidade socioambiental. É importante a expansão utilizando áreas degradas e sistemas agroflorestais, pois mostra que é possível produzir cuidando da floresta e gerando renda”, ressalta.
Fonte: Um só Planeta
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