RS: produção de morango ganha destaque em Serafina Corrêa
sexta-feira, outubro 22, 2021
Serafina Corrêa é um município tradicional na produção de grãos, leite e suínos, entretanto, nos últimos anos, a produção de morangos tem chamado a atenção de famílias de agricultores e crescido no município. José Antônio e Elenice Dondoni são pioneiros na cultura em Serafina Corrêa. Há 10 anos eles decidiram investir neste tipo de produção em sua pequena propriedade de 12 hectares na comunidade Aparecida. Elenice explica que, na época, eles trabalhavam com produção de pepinos, mas o cultivo era rasteiro, no nível do solo e bastante trabalhoso. Então, por sugestão de um técnico, decidiram apostar no morango em substrato visando facilitar a mão de obra. "Na época fomos até ridicularizados por isso, diziam que a gente ia passar fome plantando morango", frisa.
De acordo com a agricultora, como a atividade era nova na região, eles foram buscar informações em outros locais e estudaram muito pra trabalhar com o cultivo em substrato e suspenso, mas no primeiro ano as primeiras mil mudas foram plantadas ainda no solo. Insatisfeitos com os resultados, através da Emater/RS-Ascar descobriram um produtor de substrato para tomate, mas que vinha sendo usado também para morango e então foram buscar o insumo para passar a cultivar em estufas. "Hoje temos em torno de 7.500 mudas, mas isso veio crescendo gradativamente com o passar dos anos", ressalta a agricultora.
A produção da propriedade é praticamente toda comercializada diretamente a consumidores finais, com clientes fidelizados e que valorizam os morangos produzidos sem resíduos de agrotóxicos. Além de morangos, a família trabalha com suínos, bovinocultura leiteira e nozes.
Atualmente, já são cinco produtores comerciais no município produzindo 12.500 kg de morango por ano em suas estufas, conforme dados da Emater/RS-Ascar, e nos últimos meses tem aumentado a procura de informações por parte de agricultores interessados em ingressar na atividade. Conforme Eliazer Kosciuk, engenheiro agrônomo e extensionista da Emater/RS-Ascar, o cultivo de morango em substrato vem aumentando em importância, principalmente como alternativa de atividade para aqueles agricultores familiares que estão procurando diversificar a sua produção.
"É uma atividade que tem um retorno do investimento extremamente rápido, pode ser desenvolvida em pequenas áreas, mas demanda um intensivo uso de mão de obra", relata Kosciuk. Segundo ele, a procura pelo produto ainda é maior do que a produção ofertada e os produtores do município têm obtido uma remuneração acima da média do Estado. No entanto, com o crescente interesse de novos produtores, essa oferta de morangos no mercado local tende a aumentar e, consequentemente, o preço a cair. Esse fator deve ser levado em consideração ao analisar a viabilidade de novos empreendimentos.
Nas últimas semanas, entre os meses de agosto e setembro, sete agricultores do município participaram de um curso de produção de morangos em substrato, ministrado pela Emater/RS-Ascar no Centro de Treinamento de Teutônia (Certa), em formato EAD. De acordo com Maicon Berwanger, coordenador do Centro, o curso tem como objetivo levar conhecimento aplicado para aumentar a eficiência produtiva, otimizando os recursos.
"O cultivo de morangos em substrato é um sistema no qual o agricultor possui maior controle sobre a cultura e, ao mesmo tempo, possui maior dependência da ação humana, daí a importância da capacitação de produtores e extensionistas que trabalhem com ele, principalmente aos que irão ingressar na atividade", ressalta o extensionista.
A produtora Elenice Dondoni foi uma das participantes do curso e relata que se tivesse tido acesso a uma capacitação dessas quando estavam iniciando na atividade as coisas teriam sido muito mais fáceis e eles teriam feito algumas coisas de forma diferente. "Agora, a partir do curso, temos mais segurança no manejo da cultura", reforça.
Rodrigo Marcon, responsável pela Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, relata que o município de Serafina Corrêa incentiva a produção de morangos e através da Lei Municipal nº 3023/2013 concede incentivos à agropecuária, fornece a terraplanagem no caso de produtores que constroem suas estufas.
O engenheiro agrônomo Leandro Ebert, extensionista da Emater/RS-Ascar, explica que a horticultura é estratégica para pequenas propriedades familiares e por isso é incentivada pela Extensão Rural no município. De acordo com ele, a produção para entrega à indústria para processamento possui menor valor agregado e, portanto, requer maior escala, o que traz limitações quando a mão de obra é familiar. "No entanto, a comercialização in natura, de produtos sem resíduos de agrotóxicos permite, além da diversificação na propriedade, uma forma de obter uma produção diferenciada de alto valor agregado, remunerando a mão de obra familiar empregada na atividade", conclui Ebert.
Fonte: Agrolink
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