Como driblar a escassez hídrica na soja
sexta-feira, outubro 29, 2021
Nas três últimas safras, somente o Rio Grande do Sul e o Paraná, segundo e terceiro maiores produtores brasileiros de soja, atrás apenas de Mato Grosso, deixaram de produzir mais de 15 milhões de toneladas de soja, o que resultou em prejuízo econômico da ordem de US$ 8 bilhões, considerando-se o valor de US$ 500,00 a tonelada, segundo levantamento feito pela Embrapa. O que vem motivando a quebra na safra de soja no Sul do país é a deficiência de água para que plantas se desenvolvam plenamente.
Isso ocorre porque a planta de soja pode ter danos irreversíveis quando há falta de água. Aproximadamente 90% do peso da planta de soja é formado por água, que desempenha funções como reagente (na hidrólise) solvente (permite que gases, minerais e outros componentes entrem nas células e caminhem pela planta), e turgescência, por exemplo. "A água tem, ainda, papel importante no balanço energético da planta, ou seja, na manutenção e distribuição do calor", ressalta o pesquisador da Embrapa Norman Neumaier .
A soja melhor se adapta a temperatura entre 20 ° C e 30ºC e a temperatura ideal para seu crescimento e desenvolvimento está em torno de 30 ° C. O pesquisador explica que a necessidade de água na cultura da soja, para obter o máximo de produtividade, varia entre 450 a 800 mm / ciclo, dependendo das condições climáticas e de solo, do manejo da cultura e da duração do ciclo. Segundo Neumaier, todo o desenvolvimento da planta é afetado pela disponibilidade de água. A semente de soja requer absorsor, no mínimo, 50% de seu peso em água para assegurar boa germinação. Além de afetar a germinação e a emergência da planta, a falta de água interfere no rendimento da lavoura, quando atinge principalmente o período de floração e o enchimento de grãos.
Para mitigar os prejuízos cientistas recomendam adoção de técnicas de manejo e conservação do solo. Entre as ações se destacam: diversificação de culturas, a utilização do plantio direto na palha, a preservação de nascentes, rios e margens de rios ( para aumentar a captação e recarga do perfil do solo e para evitar assoreamento), a adoção de boas práticas de cobertura do solo (para reduzir a evaporação e facilitar a infiltração de água, diminuindo o escorrimento superficial que causa erosão), como práticas de sequestro de carbono e o respeito ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc).
“Portanto, há uma série de tecnologias agronômicas a serem adotadas, em curto, médio e longo prazos, para minimizar os efeitos dos veranicos sobre a soja, assim como outros eventos climáticos adversos que têm se tornado e mais intensos”, destaca o pesquisador da Embrapa Soja, José Renato Bouças Farias.
Para atenuar o impacto da seca, Farias cita, por exemplo, o ajuste fitotécnico das cultivares, por meio da adoção de variedades adaptadas para cada região, com diferentes ciclos e semeadas, de forma escalonada, para aumentar as chances de escapar das lavouras em relação à aumento de veranicos na fase de enchimento de grãos.
Outra alternativa é o consórcio de milho com braquiária que traz pouca mudança no sistema operacional, mas que traz grande impacto à qualidade dos sistemas de produção. A consorciação de milho com a braquiária é o primeiro passo para minimizar os efeitos da compactação do solo que, entres outros malefícios, atrapalha a infiltração de água. “Ao introduzir uma braquiária no sistema produtivo, há um aumento de palhada na superfície do solo e como raízes da braquiária como descompactadoras para melhorar a infiltração de água”, explica o pesquisador Henrique Debiasi.
Fonte: Agrolink
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