Cultivo de Pancs aumenta a diversidade e renda
quinta-feira, fevereiro 27, 2020
Confundidas com ervas daninhas ou matinhos que crescem espontaneamente em quintais, as Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) têm se mostrado uma alternativa para resgatar hábitos alimentares tradicionais, combater a fome em comunidades pobres e diversificar a renda dos agricultores familiares catarinenses. Essas espécies são tão o mais nutritivas que as convencionais, mas com algumas vantagens: são adaptadas ao clima, têm elevada eficiência na absorção de nutrientes, baixa necessidade hídrica e baixa exigência de solo, o que diminui o custo de produção.
A nutricionista Cristina Ramos Callegari, extensionista da Epagri em Florianópolis, comenta que essas plantas já fizeram parte da alimentação de gerações antigas, mas o cosumo foi diminuindo por conta praticidade dos alimentos industrializados. “A diminuição do consumo dessas espécies não reduz apenas a biodiversidade, como também a diversidade cultural, pois se abandonam saberes tradicionais associados ao consumo de plantas de ocorrência local ou regional”. Ela explica que também são consideradas Panc cascas, folhas, raízes e outras partes aparentemente inservíveis de legumes, tubérculos e frutas, ou ainda pétalas coloridas de flores e sementes de árvores.
A boa notícia é que o interesse pelas Panc está aumentando cada vez mais e a presença delas na mesa do brasileiro veio para ficar. O consumo é amparado por uma série de pesquisas científicas que indicam não só a segurança do uso, mas também suas propriedades nutricionais e de compostos bioativos presentes. Mas antes de levá-las para a cozinha, é preciso saber identificá-las, conhecer as partes comestíveis e a forma de preparo indicada para o consumo. “Algumas só podem ser consumidas após o cozimento, que é fundamental para eliminar substâncias tóxicas para o organismo”, alerta Cristina.
A Epagri oferece cursos sobre Panc para famílias rurais e pesqueiras
A Epagri trabalha em todo o Estado para orientar sobre a identificação, o cultivo e o consumo das Panc. O objetivo é promover a saúde e a segurança alimentar de famílias rurais e pesqueiras, além de mostrar a possibilidade de cultivar essas espécies e diversificar a renda. Cursos têm sido ministrados em diferentes municípios para capacitar as famílias a identificar essas plantas e como prepará-las. No Oeste Catarinense há, inclusive, um forte trabalho com indígenas para o resgate e a trocas de sementes entre as comunidades. Em 2017, a Empresa lançou um boletim didático que ajuda a identificar 13 espécies, informa sobre propriedades nutricionais e medicinais, ensina a cultivar, como usar e dá receitas.
Unidade de Referência Técnica
Em Florianópolis, uma Unidade de Referência Técnica (URT) para o cultivo de Panc foi implantada com 3 mil metros quadrados no Centro de Treinamento da Epagri sob coordenação de Cristina e assistência técnica do engenheiro-agrônomo Altamiro Morais Matos Filho. A ideia é que as mudas sejam reproduzidas e a URT sirva para ampliar o conhecimento dos agricultores sobre as Panc, por meio de capacitações. Atualmente a URT conta com 50 espécies.
A maior parte delas foi trazida da Estação Experimental da Epagri em Itajaí (Epagri/EEI), que é referência em pesquisa com plantas bioativas e nutracêuticas, ou seja, aquelas que têm propriedades terapêuticas. “Elas podem ser comercializadas in natura, como também processadas em forma de geleias, pães, farinha, entre outros, e incrementar o turismo rural e gastronômico”, diz a extensionista Cristina.
Algumas Panc presentes na URT de Florianópolis
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