Biocarvão como alternativa para o reflorestamento
quinta-feira, setembro 05, 2019
Uma técnica inspirada na agricultura indígena da Amazônia pode diminuir os custos com reflorestamento e obter melhores resultados. Trata-se do uso do biocarvão como alternativa de fertilizante para o solo, apontou estudo de pesquisadores de universidades da Bélgica, Estados Unidos e Peru.
O biocarvão é produzido pela decomposição de matéria orgânica através da pirólese, uma forma de combustão na qual se controlam a temperatura e a quantidade de oxigênio. A pesquisa a respeito de sua produção e aplicação é inspirada na terra preta da Amazônia, bolsões de solos altamente férteis e ricos em nutrientes, formados ao longo de milênios em função do manejo de grupos indígenas.
Entre os benefícios do uso do biocarvão, incluem-se a diminuição da perda nutrientes pelas chuvas, a maior retenção de água, o aumento da densidade e diversidade da biota e também do pH do solo, e a diminuição das emissões de gases de efeito estufa. Mas os benefícios podem variar de acordo com as características do biocarvão e os tipos de clima, planta e solo.
No entanto, os efeitos do biocarvão em espécies de árvores ainda foram pouco explorados. Os pesquisadores decidiram investigar duas espécies sucessivas de árvores tropicais. Eles utilizaram um viveiro e uma mina de ouro abandonada, submetendo as espécies a 6 tratamentos diferentes com o biocarvão ao longo de 6 meses.
Os resultados mostraram uma maior sobrevivência de mudas em aplicações de 1 tonelada de biocarvão por hectare. Tratamentos contendo biocarvão, adicionado ou não a fertilizantes, em volumes de 5 t/ha, provocaram uma queda na taxa de sobrevivência de ambas as espécies de árvore.
Quando o tratamento de biocarvão incluía a adição simultânea de fertilizante, registrou-se uma grande melhora na altura, diâmetro, número total de folhas e biomassa acima e abaixo do solo. E uma das espécies respondeu mais fortemente às aplicações do que a outra.
O estudo concluiu que o uso do biocarvão pode contribuir significativamente para projetos de reflorestamento da Amazônia. Além de elevar o desempenho das plantas, ele também diminui os custos do uso de fertilizante e de manejo. Mas para generalizar os resultados, serão necessários experimentos de campo e testes em outras espécies de árvores.
O vídeo abaixo (em espanhol), produzido pela Universidade de Wake Forest, aborda a produção e uso do biocarvão:
Fonte: Ciência e Clima
1 comentários
Muito bem abordado o tema
ResponderExcluirAgradecemos seu comentário! Volte sempre :)