Assinado por 195 países, o Acordo de Paris estabeleceu que o aumento da temperatura média global não poderá ser superior a 2 graus centígrados acima dos níveis da era pré-industrial. Parece pouco, mas esse limite impõe a redução significativa das emissões de gases do efeito estufa e a necessidade de outras ações capazes de brecar o aquecimento global e as alterações climáticas, o que envolve a substituição de fontes de energia poluentes e a transformação radical dos meios de produção e dos hábitos de consumo. Será a era da economia verde, que terá impacto também no mercado de trabalho.
De acordo com o relatório "Perspectivas sociais e de emprego no mundo - Tendências 2018" da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado em maio, até 2030 poderão ser criados 24 milhões de novos empregos no mundo, caso sejam implantadas as mudanças que tornarão a economia mais sustentável. Por outro lado, 6 milhões de trabalhadores devem perder seus atuais empregos, o que resultaria em um saldo positivo de 18 milhões de postos de trabalho.
No Brasil, segundo estimativa da OIT publicada pela BBC Brasil, prevê-se a abertura de 620 novas vagas, que compensariam a extinção de 180 mil empregos nos próximos 12 anos. Para os trabalhadores desse último grupo, a saída será a requalificação, para que consigam ingressar nos postos a serem abertos na economia verde. Na agricultura, por exemplo, a transição para sistemas mais sustentáveis criará empregos em fazendas orgânicas de médio e grande porte e permitirá que pequenos diversifiquem suas fontes de renda.
O relatório indica que muitas das novas vagas serão criadas no setor de energia, com a fabricação em massa de carros elétricos e os avanços na construção de edifícios mais sustentáveis. Outra importante área geradora de empregos será a “economia circular” (reciclagem, remanufatura, reaproveitamento e aluguel), que substituirá as práticas de “extração, fabricação, uso e descarte”, na definição da OIT.
A maior parte dos novos empregos deverá beneficiar principalmente os países da Ásia, com até 14 milhões de novas vagas, enquanto 3 milhões de vagas poderão ser criadas no continente americano e 2 milhões na Europa. As perdas se concentrarão na indústria do petróleo, e dos 163 setores produtivos analisados pela OIT apenas 14 deverão ter mais de 10 mil empregos extintos.
“Os países devem adotar medidas urgentes para antecipar as habilidades necessárias na transição para economias mais verdes e oferecer novos programas de treinamento”, recomenda o relatório da OIT. Também devem adotar uma combinação de políticas de transferência de renda, seguros sociais mais fortes e limites no uso de combustíveis fósseis, o que levaria a “um crescimento econômico mais rápido, com mais geração de emprego e uma distribuição de renda mais justa”.
Vale lembrar que o Brasil ratificou o Acordo de Paris em setembro de 2016, após aprovação do Congresso, e as metas se transformaram em um compromisso oficial. O objetivo brasileiro é reduzir até 2025 as emissões de gases do efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005.
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