Algumas sugestões de pautas para os líderas do G20 que se reunirão no fim de semana
quinta-feira, julho 06, 2017
“Ao longo dos últimos 50 anos, as atividades humanas -- particularmente a queima de combustíveis fósseis -- liberaram quantidades suficientes de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa para capturar calor adicional na atmosfera baixa e afetar o clima global. Nos últimos 130 anos, o mundo aqueceu-se em cerca de 0,85 °C. Os níveis do mar estão subindo, as geleiras estão derretendo e os padrões de precipitação estão mudando. Embora o aquecimento global possa trazer alguns benefícios localizados, como menores mortes de inverno em climas temperados e aumento da produção de alimentos em certas áreas, os efeitos globais sobre a saúde de um clima em mudança provavelmente serão extremamente negativos. A mudança climática afeta os determinantes sociais e ambientais da saúde: ar limpo, água potável, comida suficiente e abrigo seguro. Entre 2030 e 2050, elas deverão causar aproximadamente 250 mil mortes adicionais por ano causadas por desnutrição, malária, diarréia e estresse por calor, e bilhões de dólares em custos de danos diretos para a saúde”.
Copiei o texto acima do site da Organização Mundial da Saúde (OMS) que
está lançando este mês várias pesquisas sobre Clima e Saúde com o
objetivo de fornecer dados para políticas públicas. E fiquei pensando
que os 20 países mais ricos do mundo, cujos representantes estarão, a
partir de sexta-feira (7) reunidos na cidade alemã de Hamburgo para
debater sobre políticas que possam promover uma estabilidade financeira
internacional. Bem, na verdade, acho mesmo que esses senhores e
senhoras poderosos deveriam receber um dever de casa ainda mais extenso.
Além dos protestos contra a cúpula que já começaram na própria cidade onde ela vai acontecer, há quem esteja pensando em dar uma ajuda para o debate. A cantora Rihana, por exemplo, uma
das mais vendidas de todo o mundo, já mandou seu recado via twitter
para os dirigentes mais conhecidos. Sua sugestão é para que eles façam
um fundo para a educação, garantindo que os mais pobres tenham as mesmas
oportunidades de aprender que os privilegiados.
É
um bom começo para pautar a conversa entre os poderosos. Lá estarão
representantes de Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França,
Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia
Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados
Unidos, além da União Europeia.
Apesar
de apoiar a cruzada pela educação que a cantora Rihana implementa, faço
coro com o sociólogo Jessé Souza, autor de “Os Batalhadores
Brasileiros” (Editora UFMG) e
“Radiografia do Golpe” (Ed. Leya), entre outros, lembrando que antes
mesmo da falta de educação deveremos focar a desigualdade. Esta vem de
berço. Se tivéssemos uma sociedade menos desigual, certamente o problema
da educação estaria praticamente sanado.
Nesse
quesito, da desigualdade, vale a pena visitar a história econômica
mundial e dar uma olhada em outros escritores, fora da linha ortodoxa
que os líderes devem estar tão acostumados a ler. O norueguês Erik S.
Reinert, por exemplo, com seu “Como os países ricos ficaram ricos... e
por que os países pobres continuam pobres” (Ed. Contraponto) pode ser um
bom companheiro na bagagem. Pode ser interessante, para quem vive numa
lógica econômica a favor do desenvolvimentismo, lembrar que, na visão do
economista Antonio Serra, do século XVII, primeiro a produzir uma
teoria de desenvolvimento que levava em conta a desigualdade, “a chave
para o desenvolvimento econômico era ter grande número de diferentes
atividades, todas sujeitas a custos cadentes e rendimentos crescentes”.
“Paradoxalmente, ser pobre em recursos naturais seria a chave para se tornar (um país) rico”.
Se
Mr. Trump decidir aceitar o convite de Angela Merkel para passar esses
dias em Hamburgo, talvez haja muita saia-justa para se debater sobre as
questões de meio ambiente. Afinal, o presidente da nação mais rica
decidiu não estar mais entre os países que assinaram em 2015 um Acordo
histórico para baixar emissões. E ele já falou mais de uma vez que acha
esse negócio de aquecimento global uma mentira criada pelos chineses
para estagnar a economia dos Estados Unidos.
Assim
mesmo, vai ser imperioso tocar no tema, o mundo estará atento. E, de
novo, a desigualdade social deverá vir à tona no debate, já que as
primeiras pessoas a serem atingidos com os efeitos dos gases poluentes
no clima serão, justamente, os mais pobres. Existem várias organizações
que lembram isso a todo momento, com estudos e pesquisas. A mais
expressiva, que se chama 350.org
arregimenta milhões de pessoas no mundo inteiro, via internet, pedindo
que se assinem petições no sentido de fazer parar a indústria de carvão e
do fracking no planeta. O título da organização é emblemático: para a
atmosfera oferecer segurança aos habitantes da Terra ela precisa ter
menos de 400 partículas por milhão de CO2, daí 350.org.
Michel Temer não irá a Hamburgo, segundo anunciou o
Palácio do Planalto, sem justificar o motivo. Sabemos nós, muito bem,
que ele está mais ocupado em tentar se livrar das acusações que pesam
contra ele, por ter praticado crimes de corrupção passiva.Não custaria
nada, porém, pôr na pasta de quem vai representar o país, dados do
próprio Ministério da Integração Nacional que mostram um aumento de 35%
no número de municípios brasileiros que decretaram situação de
emergência por eventos climáticos extremos no primeiro semestre deste
ano. 973 municípios brasileiros estavam em estado de emergência no
primeiro semestre de 2016. Este ano, já são 1.311.
Segundo reportagem publicada no site do Observatório do Clima (OC),
“municípios em situação de emergência são aqueles que enfrentam
desastres de grande porte e necessitam de ajuda do governo estadual ou
federal para se restabelecer, seja no socorro, na assistência ou no
retorno de serviços essenciais. O reconhecimento federal da situação de
emergência do município agiliza a liberação de verbas para o socorro.
Ele é válido por 180 dias contados a partir da publicação da portaria no
Diário Oficial da União”.
Fonte: G1
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