Projetos de hortas comunitárias se espalham pelo Rio
quinta-feira, maio 23, 2019
Cosme Barata com a pequena Maria Clara, em horta do Favela Garden, no Salgueiro Foto: Bruno Kaiuca / Agência O Globo |
Favela Garden e Hortas Cariocas ajudam a gerar emprego e facilitam acesso a hortaliças e vegetais orgânicos
RIO — Imaginem verdadeiros oásis cercados de verde no meio do caos urbano. Assim são as hortas comunitárias , que se multiplicam pela cidade, onde surgem como alternativas sustentáveis à produção de alimentos orgânicos . Pela Zona Norte do Rio, projetos incentivados por uma ONG e pela prefeitura, principalmente em áreas mais carentes, têm tido resultados positivos, e os moradores já colhem os frutos da iniciativa: além de proporcionarem consciência ambiental à população, permitem que as pessoas mais engajadas na proposta tenham acesso gratuitamente aos mesmos produtos à venda em supermercados.
A ONG Instituto Tocando em Você, com sede na Tijuca, sempre desenvolveu trabalhos de educação e cultura no Morro do Salgueiro . Desde setembro é responsável pelo projeto Favela Garden na comunidade, onde são realizadas oficinas variadas (educação financeira e agricultura familiar, técnicas de instalação de sistemas de irrigação e reciclagem, Jardinagem, culinária e compostagem, entre outras). A ideia é trabalhar o conceito de criação de hortas e jardins verticais.
O projeto, contemplado pelo edital do Fundo Socioambiental Casa Cidades, da Caixa Econômica Federal, foi realizado em parceria com o ator e educador social francês Thibault Brasseur.
— Nosso objetivo é dar motivação, vontade de viver, valorizar o lugar em que se vive e produzir alimentos saudáveis. Queremos tornar acessível a prática da agricultura orgânica familiar e contribuir para a reconexão do cidadão morador da favela com seu solo, sua terra e sua capacidade de recriar ecologicamente o espaço em que vive — diz Simone Colucci, do Tocando em Você.
Um projeto da prefeitura que também tem gerado bons frutos em comunidades da Zona Norte como a Palmeirinha , em Honório Gurge l, é o Hortas Cariocas , que incentiva, desde 2006, a produção agroecológica em 48 localidades, com a participação de comunidades e escolas do município. Entre os beneficiados pelo projeto estão os Morros da Formiga, na Tijuca ; e Faz Quem Quer, em Rocha Miranda ; e favelas do Complexo de Manguinhos. A produção é de 40 toneladas de alimentos por ano, que beneficiam cerca de 20 mil pessoas na cidade.
Horta da comunidade da Palmeirinha, em Madureira Foto: Mauricio Peixoto/Agência O Globo |
Para o idealizador e gestor do projeto, Júlio César Barros, engenheiro agrônomo, nesses 13 anos de trabalho é possível afirmar que as hortas têm reduzido os índices de ocupação irregular de terrenos ociosos, além de elevar os níveis de inclusão social, e de oferecer acesso a uma alimentação livre de transgênicos e agrotóxicos, beneficiando moradores das comunidades e alunos das escolas nas localidades onde são desenvolvidos.
— Este trabalho é uma parceria entre o poder público e a comunidade. O resultado tem sido positivo, uma vez que o beneficiário é a própria comunidade. O Hortas Cariocas está “deselitizando” o consumo de alimento orgânico e contribuindo para a formação da política de segurança alimentar da cidade. Trata-se de um grande e importante legado da prefeitura do Rio para seus cidadãos — afirma Barros.
O valor pago aos participantes é obtido por meio de bolsa-auxílio: encarregados recebem R$ 570 de ajuda de custo; e hortelãos, R$ 450. A maior ambição do projeto, segundo Barros, é promover a médio prazo a emancipação da horta, quando os hortelãos atingem um nível de produção onde têm lucro; ou seja, o valor monetário obtido com a venda dos produtos é maior que a bolsa da prefeitura. A partir daí, o projeto recebe a sua emancipação e faz voo solo. Atualmente, há dez hortas emancipadas.
— Parte da produção tem que ficar disponível às famílias em risco ou em vulnerabilidade social indicadas pelas associações de moradores. O restante é comercializado, e o lucro fica com eles, sendo parte reinvestido na própria horta, na compra de sementes e ferramentas, por exemplo — explica Barros.
Outra iniciativa da prefeitura foi a elaboração, em junho de 2018, do Centro Municipal de Agroecologia e Produção Orgânica (Cemapo), no Parque Madureira . A unidade oferece, em parceria com o Instituto Naturalis, cursos gratuitos de agricultura urbana. Entre eles estão os de jardinagem, pós-colheita e conservação de alimentos, licenciamento ambiental para pequenas empresas, oficina de compostagem, oficina de horta caseira e alimentação saudável, oficina de ecodesign com técnica de reaproveitamento de material e oficina de transplante de mudas.
Informações sobre a programação e a grade de horários dos cursos podem ser obtidas pelo e-mail <contato@naturalis.org.br>.
Fonte: O Globo
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