Brasil terá de importar R$ 1,5 bilhão em trigo para suprir consumo interno
quarta-feira, novembro 28, 2018
O triticultores mais uma vez saem frustrados ao final da safra. Das 2,5 milhões de toneladas sonhadas pelos produtores gaúchos no final do inverno, é muito provável que a produção chegue “arranhando” na marca de 1,8 milhão de toneladas.
Na transição de agosto para setembro as lavouras só deram para trás, com chuva e geada. Em outubro, foi a vez do vento acamar um número significativo de lavouras. Das plantas que resistiram até o final, a maioria foi colhida com um pH bem abaixo do ideal, com alto índice de micotoxinas e com giberela.
Como a produção paranaense também tem uma expressiva quebra, não atingindo 2 milhões de toneladas, os moinhos terão de importar 7,5 milhões de toneladas para poder atender a demanda nacional de consumo. Somente o estado vai importar 500 mil toneladas.
“Estamos falando de algo em torno de R$ 1,5 bilhão que poderia ficar na nossa própria cadeia produtiva e isso não é pouca coisa”, avaliou Hamilton Jardim ao programa Conexão Rural do último sábado, dia 24. Ele preside a Câmara Setorial Nacional das Culturas de Inverno e preside a Comissão do Trigo da Farsul.
Drástica redução
Jardim lamenta o revés meteorológico do final de agosto, mas também pondera que a falta de valorização dos últimos governos à cultura desestimulou a produção, que em 1986 teve a participação de 35 mil produtores que semearam o trigo em 2,5 milhões de hectares. Não existem números precisos sobre a queda do número de triticultores no Rio Grande do Sul, mas a redução da área para 700 mil ha em 2018 dá uma pista que ela foi forte.
Novo perfil
Ele informa que os que resistem são produtores de médio e grande porte, que rotacionam com o milho. “É gente que pode arriscar, que investe forte em preparo, aplicações e manejo para obter produtividades de 70 sacas/ha”, disse ele. O custo do hectare de trigo é de 55 sacas/ha na média.
Efeito colateral
Qualidade baixa, preço idem, com a saca de 60 kg sendo paga na pedra entre R$ 32 e R$ 38,00 no RS. Riscos, falta de uma política pública adequada, condições desfavoráveis para competir com o produto do Mercosul, a ausência de um seguro agrícola que dê segurança a quem produz e preços baixos fazem com que a área semeada de trigo do Estado seja de apenas 10% do potencial semeável da cultura, já que soma dos da área plantada de soja e milho é de 7 milhões de hectares.
Fonte: Blog do Alex Soares - Canal Rural
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