Projeto Indústria 2027 mapeia disrupção em curso na indústria brasileira
terça-feira, outubro 24, 2017
Sete tecnologias já têm impactos
disruptivos em sistemas produtivos estratégicos da indústria brasileira.
Inteligência artificial, Internet das Coisas (IoT), produção
inteligente e conectada, materiais avançados, nanotecnologia,
biotecnologia e armazenamento de energia vêm provocando mudanças
significativas em modelos de negócio, padrões de concorrência e em
estruturas de mercado para os setores de agroindústria, química,
petróleo e gás, bens de capital, automotivo, aeroespacial e defesa,
tecnologia da informação e comunicação, bens de consumo e farmacêutico.
A análise é do estudo inédito divulgado
nesta segunda-feira (16/10) pelo Projeto Indústria 2027, iniciativa da
Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Instituto Euvaldo Lodi
(IEL), com execução técnica dos institutos de economia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). Na primeira fase do projeto, cerca de 40 pesquisadores
brasileiros e estrangeiros identificaram e analisaram 8 tecnologias de
alta relevância para a indústria nacional e mundial e o potencial de
impacto para 10 setores produtivos brasileiros. A próxima etapa,
divulgada até o início do ano que vem, consistirá no detalhamento dos
impactos para cada setor.
Para o superintendente nacional do IEL,
Paulo Mól, o estudo será determinante para a formulação de políticas
públicas e estratégias para que a indústria brasileira retome o caminho
do crescimento de maneira sustentável. “Um estudo com essa magnitude e
detalhamento é inédito no Brasil e servirá para desenhar uma estratégia
para o país. Esta é uma agenda imprescindível para a retomada do
crescimento, a modernização da indústria e a competitividade da nossa
economia”, afirma.
NOVOS MATERIAIS - Até o
momento, a inovação disruptiva em curso na maior quantidade de setores
(química, petróleo e gás, aeroespacial e bens de consumo) são os
materiais avançados - novos insumos que permitem o desenvolvimento de
produtos inéditos, como itens de vestuário com propriedades de alto
desempenho; medicamentos com liberação controlada, materiais para
impressão 3D e abertura de novos mercados, como biorrefinaria.
A biotecnologia vem em segundo lugar com
impactos atuais em três setores - químico, farmacêutico e agro. Na
agroindústria, por exemplo, a tecnologia tem sido usada para aumentar a
resistência das plantações às pragas e aumentar a produtividade de
rebanhos leiteiros. A promessa é que a tecnologia poderá levar à
customização da produção agrícola. Já para a indústria farmacêutica,
marcadores genônicos as engenharias genéticas são as apostas para
diagnóstico prévio e tratamento personalizado de doenças.
CLASSIFICAÇÃO - O estudo traz três tipos de classificação quanto ao impacto das tecnologias sobre os setores analisados:
MODERADO: para inovações que aumentam a competitividade das empresas por meio de crescente eficiência.
DISRUPTIVO: para mudanças significativas em modelos de negócio, padrões de concorrência, e/ou estruturas de mercado do sistema já estão em curso.
POTENCIALMENTE DISRUPTIVO ATÉ 2027: quando o impacto é moderado hoje e a evolução até o final do período pode implicar em disrupção
MODERADO: para inovações que aumentam a competitividade das empresas por meio de crescente eficiência.
DISRUPTIVO: para mudanças significativas em modelos de negócio, padrões de concorrência, e/ou estruturas de mercado do sistema já estão em curso.
POTENCIALMENTE DISRUPTIVO ATÉ 2027: quando o impacto é moderado hoje e a evolução até o final do período pode implicar em disrupção
ATÉ 2027 - As
tecnologias com maior potencial de promover mudanças nos próximos dez
anos, para a maioria dos setores, serão a inteligência artificial, a
Internet das Coisas (IoT, em inglês) e a produção inteligente. De acordo
com o estudo, apenas a inteligência artificial movimentará US$ 60
bilhões até 2025. Os usos são os mais variados possíveis: relevante
contribuição para a agricultura de precisão, monitoramento de
performance de poços de petróleo, uso de drones para entregas e
processos logísticos, viabilização de frotas autônomas, monitoramento
preditivo de anomalias em aviões e ganho de escala do uso de robôs
domésticos.
IoT e produção conectada, intimimamente
relacionadas, por sua vez, prometem promover maior integração das
cadeias produtivas e estreitar a conexão entre consumidores e produtores
em todos os sistemas produtivos examinados. "O processo de
transformação em todos os sistemas produtivos está em curso. De modo
geral, entre os três tipos de impacto, prevalecem impactos
potencialmente disruptivos. Todos, com exceção de insumos básicos, estão
diante de pelo menos um processo já disruptivo em 2017", avaliam os
especialistas.
Também merece destaque o potencial de
transformação radical vindo da nanotecnologia, que tem múltiplas
aplicações em todos os sistemas produtivos, como por exemplo em
nanomedicina, nanocosméticos, nanoeletrônica e novos materiais para
computação; vestuário e dispositivos flexíveis e vestíveis;
sensoriamento para Internet das Coisas; energia como tecnologia
auxiliar; e alimentos como tecnologia habilitadora para garantir
segurança alimentar e “nanocomidas” (nanofood). Em termos de impacto
econômico, estima-se que a nanotecnologia representará um mercado de R$
174 bilhões até 2025.
DESAFIOS - O estudo
também identifica desafios à aplicação e difusão da inovação no Brasil.
Novos marcos regulatórios, padrões técnicos e qualificação de pessoas
aparecem entre os principais. O estudo chama a atenção de governantes e
empresários quanto à urgência de estabelecer políticas e estratégias de
ação para acompanhar as tendências tecnológicas.
"Países como Estados Unidos, Alemanha,
China, Coréia do Sul e Japão, entre outros, possuem em curso estratégias
para suas indústrias adotarem inovações associadas aos clusters objeto
do Projeto Indústria 2027. Enquanto para alguns países, trata-se de um
esforço incremental, uma vez que suas empresas já lideram a corrida
tecnológica, para outros, é preciso desenhar e implantar estratégias
específicas que possam permitir um emparelhamento ou mesmo um salto
tecnológico. É necessário que as empresas brasileiras, com urgência,
introduzam em suas decisões estratégicas, planos de investimento nas
inovações disruptivas relevantes para sua competitividade", diz o
estudo.
"Mesmo que estejamos relativamente
atrasados em relação a outros países, identificamos janelas de
oportunidade ainda abertas e amplas. Ou seja, há espaço para que se
façam, hoje, investimentos que levarão a aprendizagem, capacitação, e
aquisição de competências", afirma o superintendente nacional do
Instituto Euvaldo Lodi, Paulo Mól.
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