Pesquisa desenvolvida na UFRRJ contribui para identificar a vulnerabilidade dos biomas da América do Sul
quarta-feira, julho 06, 2022
Modelo espacial desenvolvido por pesquisadores em laboratório da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) identifica a vulnerabilidade dos biomas da América do Sul. O estudo resultou no artigo Degradation of South American biomes: What to expect for the future?, publicado na revista Environmental Impact Assessment Review. De acordo com o professor e pesquisador Rafael Coll Delgado, do Instituto de Florestas/Departamento de Ciências Ambientais da UFRRJ e um dos autores do artigo, o trabalho de pesquisa coloca em alerta, principalmente, os maiores biomas sul-americanos, como a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica, que são biomas em que a cobertura de vegetação mais reduziu no passado, mostrando uma tendência de redução ainda maior para os próximos 20 anos.
“Os resultados obtidos no estudo indicam um aumento da temperatura do ar principalmente nas regiões tropicais, o que acelerará os processos físicos de evaporação e transpiração na vegetação, além de aumentar a probabilidade de mega incêndios durante a estação seca nessas regiões”, explica Delgado, que recebeu apoio da FAPERJ para a realização de suas pesquisas por meio do programa Cientista do Nosso Estado.
O estudo foi realizado em parceria com Marcos Gervasio Pereira, do Instituto de Agronomia/Departamento de Solos da UFRRJ, e contou com a colaboração de Yuri Andrei Gelsleichter, ex-aluno do Programa de Pós-Graduação Binacional da mesma universidade, e de Romário Oliveira de Santana, que também atua no Instituto de Florestas/Departamento de Ciências Ambientais da UFRRJ e também conta com apoio da FAPERJ, tendo sido contemplado no programa de Treinamento e Capacitação Técnica (TCT) da Fundação.
A modelagem utilizada, Autoregressive integrated moving average (ARIMA), vem sendo utilizada a bastante tempo pelos pesquisadores do Laboratório de Sensoriamento Remoto Ambiental e Climatologia Aplicada (LSRACA/UFRRJ), e, agora, com o novo acoplamento espacial, os dados de vegetação do Enhanced Vegetation Index (EVI) – obtidos a partir de imagens obtidas por satélite e disponibilizadas globalmente para a comunidade científica – foram simulados para toda América do Sul, com uma resolução espacial por célula de grade de aproximadamente 30 km.
“Entre os dez biomas da América do Sul, savanas, florestas tropicais e subtropicais úmidas de folhas largas apresentaram a maior diminuição da vegetação, conforme simulado pelo modelo ARIMA. O estudo deixa claro que novas políticas públicas para a preservação e o monitoramento destes biomas devem ser adotadas a curto prazo”, alerta Delgado, que defende mais incentivo à pesquisa, com o lançamento de novos editais de fomento, melhorias na infraestrutura das universidades públicas e incremento nas bolsas de Iniciação Científica e Pós-Graduação para absorção de novos pesquisadores.
O apoio da FAPERJ permitiu a obtenção de computadores e também a manutenção do laboratório para a continuidade das pesquisas durante a pandemia provocada pela Covid-19. “A pesquisa desenvolvida neste trabalho só pode ser concluída em razão de fomentos passados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da FAPERJ”, ressalta o pesquisador.
“É evidente que a mudança climática está modificando estas paisagens e as ações antrópicas podem acelerar o desaparecimento destes biomas, através do desmatamento (comércio ilegal de madeira), garimpos clandestinos e o incentivo ao aumento das fronteiras agrícolas nestas regiões”, diz. “Ainda assim, com todas as adversidades climáticas e a aceleração da mudança da paisagem por ações antrópicas, estes biomas mantêm condições favoráveis a inúmeras espécies e à vida humana, contribuindo assim para a manutenção do clima global”, ressalva Delgado.
O artigo pode ser conferido aqui.
Fonte: Um só Planeta
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