Com venda de crédito de carbono em bolsa de valores, Rio busca protagonismo em finanças verdes
sexta-feira, abril 01, 2022
O Rio de Janeiro acaba de anunciar um leilão de créditos de carbono de micromobilidade, parte dos esforços para transformar o município em um hub de investimentos de sustentabilidade por meio de ações que envolvem, entre outras, a implementação de uma bolsa de valores de ativos verdes. O anúncio do leilão, iniciativa da Bolsa Verde Rio e da prefeitura em parceria com a startup de micromobilidade urbana Tembici e a ZCO2, coalizão de pessoas e empresas engajadas com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, foi feita na quarta-feira (30).
No evento, foram apresentadas informações para as empresas interessadas em participar do leilão, que ocorrerá no final do mês de abril.
"Hoje é um dia histórico. Nós queremos que o Rio tenha uma linha de desenvolvimento econômico sustentável e, para isso, estamos puxando os atores envolvidos com sustentabilidade. Nosso papel como governo é simplificar e fazer com que a população entenda que pequenas mudanças podem ajudar a combater o aquecimento global. Sabemos que muitas vezes as pessoas optam por carro e ônibus quando poderiam fazer uma opção mais saudável pela bicicleta, por exemplo. Temos a oportunidade de repensar a mobilidade na cidade abraçando essas novas possibilidades", celebrou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação, Chicão Bulhões.
Segundo o governo fluminense, o acordo garantirá ao Rio os primeiros passos rumo a um desejado protagonismo na economia verde. A parceria estabelecida, explica o governo, prevê o intercâmbio de informações entre o governo do Estado, a Nasdaq e a Global Environmental Asset Plataform (GEAP) para a implementação de políticas públicas para certificar, emitir e negociar créditos de carbono – como, por exemplo, a entrega de créditos ambientais a contribuintes que quitarem seus débitos do Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA).
Leilão de créditos de carbono da Bolsa Verde Rio
A Tembici foi a primeira empresa a disponibilizar créditos de carbono na Bolsa Verde Rio para um leilão nesse segmento. A empresa destaca que o bike Itaú, sistema de bicicletas compartilhadas realizado pela empresa, com patrocínio do Itaú Unibanco, vem contribuindo há 10 anos com o trânsito do Rio de Janeiro e melhores condições de deslocamento das pessoas, além de promover economia financeira, impactos sociais e ambientais positivos, como redução do trânsito e poluição.
"É uma enorme satisfação fazer parte desse momento histórico e entendemos que esse tema estará cada vez mais presente e conectado ao negócio das empresas, assim como toda a agenda ESG. Nossos créditos de carbono têm um grande diferencial, uma vez que são gerados no meio urbano e de forma colaborativa. Por isso, para o leilão, estamos juntos com parceiros e organizações que entendem a relevância do assunto, possuem iniciativas verdes e agem pelas mudanças urgentes que nosso planeta exige", comentou Leandro Fariello, diretor financeiro da Tembici.
O leilão, explica o governo, contará com créditos de carbono emitidos a partir de metodologia de cálculo desenvolvida pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Os créditos gerados pela Tembici foram calculados pela BlockC e pela ZCO2, empresas coligadas que fazem parte de um grupo que atua há mais de 20 anos na jornada de descarbonização de empresas.
"O Rio de Janeiro é uma localização estratégica para o leilão porque concentra empresas de setores como óleo e gás e mineração, que dificilmente conseguirão zerar suas emissões de CO2. Essas empresas precisam de sinalização de preço e liquidez para eventualmente compensar suas emissões adquirindo créditos de carbono”, explica o CEO da BlockC, Carlos Martins.
Qualquer empresa pode participar do leilão, dando lances para adquirir os créditos de carbono disponíveis. As empresas interessadas deverão se cadastrar na plataforma AirCarbon Exchange (ACX) para dar seu lance. A plataforma abriu, na cidade do Rio de Janeiro, uma bolsa de créditos de carbono que chegou ao país por meio de parceria entre a ACX, de Cingapura, e a BlockC, apoiada pela prefeitura do Rio de Janeiro. A expectativa é de que empresas dos mais diversos setores participem do leilão.
Globalmente, créditos de carbono são vendidos por países que reduziram as emissões para outras nações que não atingiram suas metas de diminuição de gases causadores do efeito estufa (GEEs). Os recursos financeiros obtidos são aplicados em projetos de emissões de gases de efeito estufa, como reflorestamento e outras ações. O novo mercado, conforme o governo do Rio de Janeiro, vai resultar na geração de empregos e atração de empresas nacionais e internacionais, além de tornar o Estado líder na economia de baixo carbono.
Fonte: Um só Planeta
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