Sistema ajuda a classificar as terras para irrigação
terça-feira, fevereiro 22, 2022
A Embrapa Solos (RJ) desenvolveu um sistema de classificação de terras para irrigação adaptado às condições brasileiras. Criado inicialmente para a região do Semiárido, em parceria com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), o Sistema Brasileiro de Classificação de Terras para Irrigação (SiBCTI) agora foi expandido para todo o território nacional. É fundamental para subsidiar a seleção de áreas agrícolas irrigáveis, a fim de maximizar o retorno econômico, mas sem perder de vista a exploração sustentável dos recursos naturais.
A metodologia do SiBCTI permite definir a potencialidade de um ambiente para desenvolver culturas agrícolas sob determinada tecnologia de irrigação, classificando a aptidão e o potencial das terras para essa finalidade. A partir dessa metodologia, foi desenvolvido um software que está habilitado a fornecer informações, em todos os biomas brasileiros, para as culturas de acerola, goiaba, banana, manga, cana-de-açúcar, melancia, cebola, melão, coco, milho, feijão, uva, capim-elefante e café arábica. As culturas da soja e do arroz devem ser acrescentadas ao sistema em breve.
O pesquisador da Embrapa Solos (RJ) Fernando Cézar do Amaral, idealizador do projeto do SiBCTI, explica que o sistema esta´ estruturado em planos de informação. Um deles inclui as variáveis relacionadas às características de várias plantas. Outro grupo reúne dados sobre qualidade e custo de captação da água de irrigação e considera os principais sistemas de irrigação utilizados. “A classificação e´ feita analisando as limitações do ambiente, especificamente a cada cultura vegetal e a cada sistema de irrigação. A metodologia conta ainda com uma classificação generalizada, que se aplica bem aos estudos de pre´-viabilidade e a levantamentos de solo, de menor escala ou mais generalizados”, detalha o cientista.
Acompanha o SiBCTI um programa de computador desenvolvido em linguagem Java, com interface web, acessível a partir de qualquer plataforma, que facilita a obtenção da classificação do ambiente pelo usuário. Destinado principalmente a gestores e técnicos da área agrícola, professores e consultores, o software ajuda a planejar, revisar ou adequar projetos de irrigação a serem desenvolvidos ou já implantados, no intuito de otimizar a escolha das áreas agrícolas. Um curso on-line gratuito, oferecido de forma contínua pela Embrapa Solos, ensina a operacionalizar o programa.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Silvio Tavares, com o adequado uso do sistema, é possível evitar que terras que não possuam aptidão para irrigação sejam incluídas no processo produtivo, minimizando o impacto ambiental e a perda de recursos financeiros. Por outro lado, a partir do embasamento em uma avaliação afinada com as características do ambiente, o SiBCTI permite que áreas antes consideradas “não irrigáveis” possam ser classificadas como “aptas à irrigação”.
“O sistema também possibilita o uso racional da água nos processos de irrigação, além de prevenir a salinização dos solos manejados, um grave problema ambiental e econômico, especialmente no Semiárido”, acrescenta.
Como funciona o SiBCTI?
O SiBCTI é um sistema especialista de tomada de decisão, cujo elemento principal é a informação. Seu objetivo é armazenar e tratar os dados fornecidos pelo próprio usuário do sistema para entregar a classificação automática da terra para fins de irrigação.
De acordo com Amaral, com apenas alguns cliques de escolha de campos e alguns dados de entrada, o usuário final insere as informações solicitadas pelo sistema em algumas telas. Estando sem pendências e sem valores anormais, o programa cruza todos os dados relacionados aos diferentes planos de informação (solo x cultura vegetal x qualidade e custo da água x sistema de irrigação) e apresenta a classificação final indicada para aquela situação apresentada pelo usuário.
O pesquisador explica que as informações solicitadas são 18 parâmetros relacionados ao solo, como profundidade, quantidade de cálcio e magnésio, pH do solo medido em água, capacidade de água disponível, condutividade elétrica, mineralogia da argila, posição na paisagem, topografia, condutividade hidráulica, velocidade de infiltração básica, pedregosidade e rochosidade; além de sete parâmetros relacionados à qualidade e ao custo de captação da água para irrigação, como condutividade elétrica, relação ou razão de adsorção de sódio, distância de captação d’água e presença de boro, ferro e cloreto.
A operação do sistema exige conhecimentos técnicos, e para facilitar a vida do usuário a equipe da Embrapa Solos elaborou um manual de métodos dos parâmetros exigidos pelo sistema e um documento que detalha os valores e intervalos de todos os parâmetros solicitados pelo software por cultura agrícola e método de irrigação.
* Informações da Embrapa
Fonte: Agrolink
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