Preço dos CBios sobe em janeiro e chega a ultrapassar R$ 70
sexta-feira, fevereiro 04, 2022
Os preços dos créditos de descarbonização (CBios) seguem em alta. Em janeiro, mesmo após o cumprimento da meta do RenovaBio referente a 2021 já ter sido realizado pelas distribuidoras e os próximos objetivos estarem distantes, os valores ficaram próximos de máximas históricas.
Para o diretor do departamento de biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Pietro Mendes, este aumento pode estar vinculado a uma estratégia adotada pelas distribuidoras. De acordo com ele, há a possibilidade delas estarem adquirindo, por exemplo, 1/12 do objetivo anual a fim de não acumularem as compras no final do ano e evitarem um pico de preços, como ocorrido no final de 2021.
Durante o mês de janeiro, o valor dos créditos variou entre R$ 34, ocorrido no dia 21, e R$ 71, tanto no dia 21 quanto nos dias 25 e 28. Com isso, o preço médio de 2022 até o momento é de R$ 64,13, 53,71% acima da média histórica do programa, de R$ 41,72 por título. Especificamente na segunda quinzena de janeiro, a média foi de R$ 66,02.
Desde o início da comercialização dos créditos, em junho de 2020, o valor variou entre R$ 15 e R$ 72. Os números são disponibilizados pela B3, única entidade registradora do RenovaBio.
Para proteger os compradores de CBios das oscilações do mercado, Mendes afirmou que seria importante a possibilidade de fazer hedge dos papéis. Segundo ele, a discussão para esse novo produto financeiro está sendo feita junto com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). “O que depende de nós é tirar barreiras e dar segurança jurídica para que aconteça”, afirmou.
Mercado de CBios
No acumulado deste ano, as unidades produtoras de biocombustíveis emitiram 2 milhões de CBios por meio de 43 operações. Este volume equivale a 5,54% da meta total para 2022, de 35,98 milhões de CBios.
Como a geração de CBio está vinculada às notas fiscais de venda de biocombustíveis, as usinas de cana-de-açúcar podem emitir novos títulos mesmo durante o período de entressafra. Até o momento da publicação desta reportagem, entretanto, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) não havia divulgado a quantidade de lastros computados pelas companhias em janeiro.
Considerando as novas emissões e o saldo de títulos, há 12,48 milhões de CBios em circulação. Neste caso, o montante equivalente a 34,69% da meta anual.
Em 1º de fevereiro, 5,47 milhões de CBios estavam em posse dos produtores de biocombustíveis, enquanto as distribuidoras detinham 6,76 milhões. Além disso, 253,27 mil créditos se encontravam nas mãos de investidores sem metas a cumprir.
No mesmo período de 2021, o número total de créditos em circulação era de 6,14 milhões de créditos, pouco menos da metade do que neste ano.
Do início do programa até o momento, as produtoras de biocombustíveis já escrituraram 51,56 milhões de CBios.
Atualmente, segundo a ANP, 303 unidades participam do RenovaBio; destas, três fabricam biometano e 32, biodiesel. Dentre as 268 usinas de etanol certificadas, 257 utilizam apenas a cana-de-açúcar; seis processam milho e cana; quatro, apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada.
Saída de circulação
Novo ano, nova meta. Em 2022, as distribuidoras de combustíveis fósseis precisam aposentar (tirar de circulação) 35,98 milhões de CBios. Além disso, existem outros 810 mil créditos que não foram aposentados no ano passado e terão essa obrigação transferida para este.
Como as distribuidoras têm até 31 de dezembro para o cumprimento dos seus objetivos, o início do ano tende a ser lento em aposentadorias. Até 1º de fevereiro, somente pouco mais de 51 mil CBios haviam sido tirados de circulação.
A B3 não informa quem solicitou a aposentadoria dos créditos, então é possível que uma parte deste total seja referente a investidores que não têm compromissos com o programa. Entretanto, a retirada de títulos feitas pelas chamadas “partes não obrigadas” é deduzida dos objetivos finais do RenovaBio apenas no ano seguinte.
Fonte: Nova Cana
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