Cigarrinha-do-milho duplica gasto com inseticidas
segunda-feira, novembro 08, 2021
Os custos do agricultor brasileiro para o controle da cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) provocaram uma disparada no investimento em inseticidas específicos. É o que aponta o recém-concluído estudo BIP (Business Inteligence Panel) da Spark Smarter Decisions.
O mercado total de produtos para a proteção da cultura de milho na segunda safra brasileira, também chamada de “safrinha”, movimentou US$ 1,36 bilhão. Em um ciclo que dura em média quatro meses no período de inverno, os gastos foram novamente puxados pela categoria dos inseticidas, com participação de 36%, cerca de US$ 490 milhões.
Na comparação com a safrinha anterior, diz a consultoria, os dados revelaram pouca variação nas vendas. O levantamento, contudo, assinala a Spark, confirmou a tendência de avanço da cigarrinha-do-milho nas lavouras.
De acordo com o analista de projetos da consultoria, Vitor Hugo Leite, o investimento do produtor no manejo dessa praga, que em levantamentos anteriores despontara entre os desafios fitossanitários emergentes da cultura, praticamente dobrou. Segundo o executivo, produtos específicos ao controle da cigarrinha respondem hoje por 14% do segmento de inseticidas para milho na safrinha (US$ 70 milhões), ante 8% do ciclo 2019 (US$ 36 milhões).
Descrita por especialistas como um vetor de transmissão de doenças economicamente relevantes, inclusive enfezamento pálido, enfezamento vermelho e virose do raiado fino, a cigarrinha-do-milho ocasiona o surgimento de espigas improdutivas e de tamanho inferior ao considerado normal, sobretudo em virtude da redução da absorção de nutrientes pelas plantas.
Conforme o BIP Spark, o aumento das vendas de inseticidas para cigarrinha-do-milho decorreu da forte pressão da praga em 2021, observada nas principais regiões produtoras. Leite enfatiza que no estado brasileiro do Paraná, a adoção dos produtos saltou de 9% para 42%. Em Goiás, subiu para 81%, contra 57%. Já no Mato Grosso do Sul, essa relação foi de 8% para 21%.
“Na análise geral, a adoção de inseticidas específicos para a cigarrinha-do-milho aumentou de 19% da área plantada, na safrinha 2020, para 35% na 2021. O número médio de tratamentos também subiu, de 1,7 para 2,1, uma elevação de 24% e altamente representativa”, destaca Vitor Leite.
Dados oficiais agregados ao estudo da Spark atestam que a área plantada de milho na safrinha 2021, de 14,6 milhões de hectares, correspondeu a cerca de 80% do total cultivado com o cereal no País, na comparação ao milho verão, este semeado entre os meses de setembro e dezembro e colhido no início do ano seguinte. O milho verão ocupou 3,6 milhões de hectares no último ciclo.
Ainda de acordo com a Spark, o segmento de inseticidas para a cigarrinha-do- milho deverá voltar a crescer ante projeções, atuais, atreladas a possíveis aumentos de área plantada e de preços das commodities agrícolas de maior valor agregado.
OUTROS SEGMENTOS
O BIP Spark Milho/Safrinha 2021 apurou também que a categoria dos herbicidas ficou na segunda posição na relação dos defensivos agrícolas mais demandados pelo produtor, com 24% de participação ou US$ 325 milhões. Os fungicidas, terceiro segmento em vendas, informa a consultoria, responderam por US$ 260 milhões (19% do total), seguidos pelos produtos para tratamento de sementes: 17% ou US$ 229 milhões.
Outros insumos para proteção de cultivos, diversos, fecham o levantamento da Spark com 5% de participação (US$ 63 milhões). Conforme aponta a pesquisa, não houve registro de variações relevantes na participação de cada categoria de produtos empregada no milho safrinha, para mais ou para menos, em relação às vendas totais do ciclo 2020.
Fonte: Agrolink
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