Petrobras volta a pedir que diesel renovável seja regulamentado como biodiesel; ANP rebate
quarta-feira, agosto 11, 2021
A produção do diesel renovável, fruto do coprocessamento de óleo vegetal com diesel, será importante para dar uma “sobrevida” às refinarias, no contexto da descarbonização da economia, afirmou o diretor de relacionamento institucional e sustentabilidade da Petrobras, Roberto Ardenghy. A estatal voltou a defender que a nova rota tecnológica seja aceita no mandato de biodiesel presente no diesel.
Ou seja, a Petrobras quer que os percentuais de mistura obrigatória de biodiesel ao diesel (que será de 15% em 2023, chamado de B15) possam ser cumpridos também com o uso do novo produto. Assim, seria possível atender ao B15 usando parte o biodiesel convencional e parte o diesel verde.
Segundo Ardenghy, a Resolução nº 45/2014 da Agência Nacional de Petróleo (ANP) exclui a maior parte das rotas de produção no mandato. “Existe hoje uma regulamentação que precisa ser ampliada e incorporar novas tecnologias”, disse o executivo, durante participação no evento Biodiesel Week.
Ardenghy destacou que a fase P8 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) exigirá um melhor desempenho dos combustíveis. Segundo a empresa, o biodiesel convencional, produzido pelo processo de transesterificação (reação de triglicerídeos presentes nos óleos vegetais ou gorduras animais com álcool, na presença de um catalisador), tem sido pouco eficiente para fazer frente aos limites mais rígidos de emissões.
A diretora da ANP, Symone Araújo, rebateu as críticas da Petrobras. Ela alega que a agência não faz políticas públicas e que o debate sobre a introdução do diesel renovável na matriz dos transportes está centrado, hoje, no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Ela defende que o diesel renovável proposto pela Petrobras e o biodiesel convencional são produtos diferentes e que não há, hoje, no arcabouço regulatório, impeditivos à produção do diesel renovável.
“Se a Petrobras decidir, de forma muito sábia, olhar paras as unidades [de refino] e transformá-las em biorrefinarias, ela pode fazê-lo agora. Não há do ponto de vista regulatório nenhum impedimento”, afirmou.
Ardenghy, por sua vez, esclareceu que hoje não há economicidade para projetos do tipo. “Se não há um mandato, um apoio de que esse produto seja reconhecido como biodiesel, como ele é, não há sentido econômico”, disse.
A indústria de óleo e gás trava, hoje, uma disputa por mercado com as usinas de biodiesel em torno da regulamentação dos biocombustíveis.
Por: André Ramalho
Fonte: Valor Econômico
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