Estudo revela potencial de Terra Indígena para gerar créditos de carbono
terça-feira, julho 20, 2021
Uma pesquisa desenvolvida na Terra Indígena (TI) Poyanawa, realizado por pesquisadores da Embrapa do Acre (Rio Branco) e Pará (Belém) e outras instituições, mostra o potencial destas áreas para gerar créditos de carbono.
Isso é possível graças à relação de harmonia que o povo mantém com a floresta. Eles têm priorizado as atividades agrícolas em áreas já alteradas, investido na recomposição de áreas degradadas e na implantação e fortalecimento de quintais agroflorestais.
Homologada em 2001, a Terra Indígena Poyanawa possui uma área de 24.499 hectares e apenas 5,8% desse território foi alterado. Esse percentual corresponde a 1.422 hectares, que são utilizados com pequenas pastagens, roçados, capoeiras, quintais agroflorestais, casas, escolas, igrejas, galpões, arena cultural, entre outros usos.
“São ações que reforçam a cultura local, aumentam e diversificam a produção agroflorestal e conservam o meio ambiente, gerando um ciclo de retroalimentação. Dessa forma, também contribuem para o alcance de metas estaduais de redução de gases de efeito estufa, uma vez que garantem a manutenção da floresta", explica o pesquisador Eufran Amaral, coordenador do estudo e chefe-geral da Embrapa Acre.
Uma estimativa aponta que, até 2025, deixarão de ser emitidas 6,4 mil toneladas de gás carbônico por ano, em média, nas terras dessa etnia. Convertidos em créditos de carbono, serviço ambiental equivaleria quase R$ 200 mil por ano, em valores de hoje. Pesquisadores defendem que o pagamento por serviços ambientais em Terras Indígenas pode contribuir para a redução de desmatamentos. Cada tonelada de CO2 evitada pode valer até 6 dólares ou alcançar valores mais elevados, dependendo do investidor interessado.
Esse cálculo equivale a 38.286 dólares que, convertido para a moeda nacional (à taxa de 5,17 reais o dólar), corresponde a um ganho anual de 197.938 reais. A partir desses valores, a remuneração pelo desmatamento evitado na Terra Indígena, estimada pela pesquisa para um período de 20 anos (2006 a 2025), seria de 3,9 milhões de reais.
Resultados apontam a possibilidade de elaboração de projetos, por comunidades indígenas, com foco na Redução de Emissões Provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal (REDD), alinhados ao Sistema Estadual de Incentivo a Serviços Ambientais do governo do Acre.
“O Acre é pioneiro na comercialização de créditos de carbono, por meio da sua política pública instituída em 2010. Atualmente comunidades indígenas já se beneficiam das ações promovidas pelo Sistema de Incentivo a Serviços Ambientais do Estado, na medida em que recursos captados via ações governamentais, junto a outros países, especialmente Alemanha e Inglaterra, com base no desempenho de desmatamento evitado, são destinados a diferentes públicos, incluindo as comunidades indígenas”, declara o professor da Universidade Federal do Acre (UFAC) William Flores.
Fonte: Portal Agrolink
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