Cearenses estudam uso de casca de banana em embalagens e no lugar de produtos à base de petróleo
terça-feira, maio 18, 2021
Pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), do Campus Iguatu, estudaram o reaproveitamento de substâncias das cascas de bananas. Umas das metas é usar em espaços como a indústria de alimentos, como um dos componentes de embalagens ou como potencial substituta de produtos que hoje são à base de petróleo, como polímeros em geral.
O estudo ocorreu a partir de uma substância encontrada na casca de banana, a lignina: esse resíduo é normalmente descartado da fruta, mas foi base dessa pesquisa, coordenada por pesquisadores cearenses do Grupo de Biopolímeros e Materiais Avançados (BioMat) do IFCE de Iguatu, no interior do Estado.
Publicação internacional
Intitulado como “Avaliação da capacidade antioxidante e citotoxicidade de lignina organossolve da casca da banana”, o objetivo do estudo foi avaliar a relação estrutura - propriedade das ligninas da casca de banana (BPLs) como agentes antioxidantes e antimicrobiano. O trabalho foi publicado na revista International Journal of Biological Macromolecules.
Segundo os pesquisadores, a lignina tem possibilidade de aplicações na indústria alimentícia, na farmacêutica e no setor de produtos que hoje usa derivados de petróleo para fabricação de pesticidas, fertilizantes, polímeros e aditivos para concreto.
“O processo utilizado foi o organossolve, na casca de banana. Ele permite o fracionamento de biomassa vegetal em celulose, hemicelulose e lignina com grande grau de pureza", explica o professor responsável pela coordenação do projeto, Francisco Avelino.
Apesar de ter sido usado como base a casca da banana, a lignina pode ser encontrada em outros vegetais. No entanto, em Iguatu, a produção de banana é mais forte, o que favoreceu a utilização na pesquisa, conforme o coordenador Avelino.
“Principalmente na região do Centro-Sul, vai ter um grande produtor de banana. Tanto seria um resíduo doméstico, porque as pessoas comem a fruta e acabando descartando a casca, como também um resíduo da indústria porque a indústria que utiliza a banana para a fabricação de doces, acaba descartando a casca, ou então reaproveitando nas indústrias, no caso, como combustíveis para os fornos, mas é uma aplicação pouco nobre, que acaba desperdiçando a produção química dela para gerar energia”, esclarece.
Pesquisa
De acordo com Avelino, a pesquisa foi um projeto de iniciação científica que envolveu um aluno do curso de licenciatura em Química no IFCE do Campus Iguatu, em agosto de 2019, e depois precisou ser substituído. Por causa da pandemia, o projeto durou um pouco mais de um ano para ser desenvolvido.
O trabalho foi financiado pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP) e também contou com o apoio da Embrapa Agroindústria Tropical e da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Fonte: Diário do Nordeste
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