Agricultura sustentável pode atrair investidores e fundos chineses ao Brasil
domingo, maio 23, 2021
Carne carbono neutro, integração lavoura-pecuária-florestas, soja com menos uso de químicos e até a produção de tecido a partir de milho, em substituição ao plástico, estão no foco de investidores chineses que miram o mercado brasileiro da agricultura sustentável.
Estes e outros temas foram debatidos na manhã desta quinta-feira (20), em encontro virtual promovido pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) com a participação da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, empresários brasileiros e asiáticos e representantes do setor financeiro dois países.
O Diálogo Brasil-China sobre Agricultura Sustentável prossegue nesta sexta-feira com a proposta de alavancar as parcerias e os investimentos sino-brasileiros na área. E oportunidades de que os negócios na área renderão uma boa safra de investimentos ficou claro ao longo de mais de duas horas de debates e apresentações. Ma Jun, President of the Institute of Finance and Sustainability (IFS), um dos mediadores e palestrantes, destacou as possibilidade serão cada vez maiores conforme os investidores, empresários e fundos chineses forem apresentados extenso leque de opções disponíveis para isso no Brasil.
Tang Renjian, ministro de agricultura da China reforçou que a sustentabilidade agrícola tem posição relevante no 14º plano quinquenal chinês, anunciado neste ano, com foco, estimulando no país, entre outras ações, a redução de utilização de químicos nas lavouras e aumento do uso de bagaço e para gerar energia. Com o Brasil, Tang que a proposta é aumentar a comunicação sobre as políticas agrícolas dos países, ampliando a frequência de visitas técnicas e com maior interação para inovação tecnológica no uso de recursos de germoplasma, biogenética e criação de novas cultivares.
Presidente do IFS, Ma Jun destacou que para estimular as finanças verdes no apoio a agricultura sustentável depende, também, de ter entender e definir o que é uma atividade verde, como projetos que podem reduzir a emissão de carbonos e promover a biodiversidade, assim como o mercado financeiro e mesmo empresas precisa entender como vai se beneficiar disto, tendo além dos ganhos financeiros diretos créditos de carbono que podem ser comercializados ou agregados à cota de quem não precisa reduzir as suas emissões.
“Para conseguir investimentos privados precisamos também dar incentivos a eles. E por isto temo uma ação mundial com os bancos centrais para que mudem a classificação de risco elevado que conferem á investimentos no agronegócio, com apoio da NGSF (Network of Central Banks and Supervisors for Greening the Financial System)”, diz Ma.
A mudança na classificação de risco de empréstimos e financiamento aos agronegócio é também uma pauta, no Brasil, da Confederação Nacional da Pecuária e Agricultura (CNA), por exemplo.
Na China, acrescentou Ma, o instituto promove financiamentos com juro reduzindo a quem busca reduzir o uso de químicos e pesticidas, apoiando práticas de agricultura orgânica. Roberto França, diretor de agronegócio do Bradesco, revelou que o banco está estruturando, em conjunto com outras empresas, um fundo de investimento específico para apoio a sustentabilidade, ofertando recursos com custo baixo a produtores que querem comprar insumos, equipamentos e infraestrutura para poder viabilizar a integração lavoura-pecuária-floresta dentro da propriedade, o Sustainable Agriculture Finance Facility (Saff).
“Os investidores desse fundo podem ter um retorno menor financeiro, mas acabam tendo ganhos pela crédito de carbono que será gerado por essa estrutura. E o fundo também confere a oportunidade de quem investe, como empresas, se creditarem de créditos de carbono muitas vezes precisam ter para atender às exigências da ESG (Environmental, Social and Corporate governance), tema muito relevante hoje em todos os setores da sociedade”, explica França.
Fonte: Jornal do Comércio
0 comentários
Agradecemos seu comentário! Volte sempre :)