Encontro começa na França com protesto de indígenas contra hidrelétricas na Amazônia
quinta-feira, maio 16, 2019
Encontro começa na França com protesto de indígenas contra hidrelétricas na Amazônia Foto: FRANCOIS GUILLOT / AFP |
Congresso Mundial de Energia Hidrelétrica, iniciado nesta terça, dia 14, é marcado por alerta de especialstas sobre meio ambiente brasileiro
PARIS (AFP) - Emissões de gases que provocam o efeito estufa, alteração de microclimas e comunidades indígenas deslocadas. Emboras sejam consideradas fontes de energia renovável, as represas hidrelétricas podem ter efeitos devastadores, alertam ambientalistas. No Congresso Mundial de Energia Hidrelétrica de 2019, que começa nesta terça-feira, 14 de maio, em Paris, vários ecologistas e especialistas de todo o mundo se reúnem na capital francesa para denunciar o impacto destas construções sobre o aquecimento global.
Muitos estudos afirmam ainda que o desenvolvimento hidroenergético altera gravemente o ecossistema fluvial, destrói habitats e modifica o fluxo dos rios. Sem esquecer o impacto social, com comunidades locais forçadas a deslocamentos ou a mudar seu estilo de vida. Somente na Bacia do Amazonas, que contém 20% da água doce líquida da Terra, há quase 140 represas hidráulicas operacionais ou em construção. Outras 428 são planejadas.
'O que vamos comer?'
Líderes do povo indígena Munduruku, do estado do Pará, viajaram à capital francesa para denunciar a construção de represas no rio Tapajós, que integra o núcleo de suas terras tradicionais no coração da Amazônia.
— Viemos de muito longe para expressar nossa grande preocupação — afirma, visivelmente cansado, o cacique Arnaldo Kabá. Ele fala em linguagem Munduruku e outro integrante da etnia, mais jovem, traduz as declarações para o português.
Há vários anos os Munduruku protestam contra os planos do governo brasileiro de construir hidrelétricas no Tapajós e em seus principais afluentes, que inundariam parte de suas terras. A represa, segundo estimativas, inundaria uma área do tamanho da cidade de Nova York.
— O rio é como nossa mãe. Se construírem represas no rio, o que vamos poder comer? Para nós, os rios são como os supermercados para vocês, deles vêm nosso sustento — explica.
Fonte: O Globo
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