Como a Internet das Coisas poderá ajudar o Brasil a se tornar o maior produtor mundial de alimentos
sexta-feira, julho 20, 2018
Em 1701
o fazendeiro Jethro Tull criou a semeadora, máquina que automatizou o plantio
de sementes nas lavouras
A invenção deu início a uma era de modernização na agricultura que
permitiu a produção de alimentos em larga escala. A colheitadeira, projetada em
1834 pelo americano Hiram Moore, foi a precursora da mecanização, impulsionada
depois pelo trator, em 1892, criação do americano John Froelich; e, finalmente,
o arado mecânico, em 1936, idealizado pelo ferreiro americano John Deere.
Oitenta anos depois do arado de Deere, a próxima revolução no
agronegócio tem nome: Internet das Coisas.
A grande disrupção tecnológica nas fazendas não está mais nas máquinas,
mas na inteligência que está embarcada nelas. Esta é minha visão há mais de uma
década, mas parece que esta conclusão está ficando mais clara para o público
geral a partir de agora, como foi possível notar neste ano na Agrishow, uma das
três maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo e a maior e mais importante
na América Latina.
Um estudo da Market Insight Reports prevê que o mercado de IoT na
agricultura foi de US$ 4,4 bilhões em 2015 e terá um crescimento anual de
28,30% até 2024. Os Estados Unidos estão na frente, com 75% de participação de
mercado e a possibilidade de alcançar US$ 20,1 bilhões em 2024.
O Brasil tem condições de ser protagonista desta revolução? Não tenho
dúvidas de que, sim, temos todas as condições de liderar essa nova etapa da
agricultura.
Fiquei positivamente impressionado com a velocidade que o agritech vem
evoluindo e como os grandes fabricantes de máquinas estão se movimentando para
desenvolver produtos conectados que serão cada vez mais indispensáveis para
gestão das lavouras. Ao mesmo tempo, desenvolvedores de softwares se apressam
em lançar inovações que serão o combustível das máquinas para colher dados e
transformá-los em algoritmos que se tornam, dia após dia, adubos férteis para
fazendas inteligentes.
A riqueza do agronegócio está agora na nuvem.
O aumento da oferta de conectividade no campo é uma excelente notícia.
Com as estradas digitais pavimentadas, o agronegócio brasileiro poderá alcançar
níveis de competitividade para superar os Estados Unidos e alcançar a sonhada
posição de maior exportador de alimentos do mundo. O desenvolvimento da
indústria nacional de softwares para o campo irá aproveitar da alta velocidade
agora cada vez mais presente nas fazendas para municiar os gestores com
informações valiosas para conquistar e celebrar safras mais lucrativas.
Em quatro décadas, passamos de grande importador para o segundo maior
exportador mundial e a meta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
é aumentar nossa participação de 7% para 10% em cinco anos no mercado
internacional. Temos a quinta maior extensão territorial e o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) estima nossa área plantada em 79 milhões
de hectares e com um gigantesco potencial de expansão.
Vale lembrar que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura prevê que o mundo precisará de 70% mais comida em 2050 do que
produzia em 2006. Para explorar de forma sustentável nossas terras, é importante
reforçar, o agroempresário brasileiro terá então que continuar investindo em
tecnologia para ter cada vez mais acesso a dados essenciais para melhorar seus
resultados, aumentando a produtividade, diminuindo custos e reduzindo
desperdícios.
Como organizar a logística agrícola, usar menos máquinas e consumir
menos combustível nos processos? Como utilizar os insumos de forma a evitar
desperdícios? Por onde devo iniciar meu plantio para melhorar a performance da
germinação? Como o clima está impactando minha produtividade?
Estas são algumas das perguntas que anteriormente contavam apenas com o
instinto do produtor sobre a análise de um conjunto impreciso e incompleto de
informações. Hoje, já são respondidas com o uso de tecnologia de forma
automática em parcela significativa das propriedades rurais brasileiras.
Estamos entrando numa era em que a lavoura já começa a contar, por
exemplo, com assistentes virtuais capazes de conversar com o produtor para
mantê-lo sempre informado sobre o desempenho de qualquer processo no campo. A
tendência é haver robôs que utilizam sistemas baseados em redes neurais e deep
learning e serão treinados para analisar grandes massas de dados. Esses
assistentes estarão aptos a detectar padrões que escapam ao olho humano. A
inteligência artificial melhora o rendimento da fazenda, indica quais seriam as
melhores práticas, compara, alerta e ajuda a programar as atividades na lavoura
da forma mais eficiente possível.
Por meio da coleta e análise de dados, a Internet das Coisas e a
Inteligência Artificial possibilitam ao produtor uma visão sem precedentes dos
mínimos detalhes do que acontece na lavoura.
Com tratores e colheitadeiras conectados, drones e satélites monitorando
a plantação e os estoques, sensores espalhados pelo campo, estações
meteorológicas, pluviômetros e outros equipamentos, o fazendeiro tem à
disposição um ecossistema inteligente para automatizar e otimizar as operações
mecanizadas, racionalizar o uso de insumos e, com isso, aplicar uma agricultura
de precisão que resulta, ao final do dia, em silos mais cheios e mais dinheiro
no bolso.
Abraçar esta revolução no campo será, não há dúvidas, essencial para
acompanharmos a digitalização e algoritmização das lavouras dos grandes
produtores mundiais. Se o Brasil perder este bonde, corre o risco de aniquilar
a oportunidade de liderar o agronegócio mundial.
Fonte: FirstCom Comunicação
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