União Europeia quer cortar emissões de carros em 30% até 2030
sexta-feira, novembro 10, 2017
Comissão Europeia estabelece metas ambiciosas e prevê incentivos à produção de veículos movidos a energias limpas, apesar de forte oposição do setor automobilístico. Proposta dependerá da aprovação dos Estados-membros.
A União Europeia (UE) anunciou nesta quarta-feira (6) uma estratégia
para impor limites mais rígidos às emissões de CO2 de automóveis entre
2021 e 2030.
A iniciativa da Comissão Europeia prevê que a redução das emissões dos
gases causadores do efeito estufa emitidos pelos veículos movidos a
combustíveis fósseis deve ser de 30% em relação aos níveis de 2021,
quando as regras atuais serão invalidadas.
Até 2025 a redução deverá ser de 15%, atingindo a meta de 30% cinco
anos mais tarde. Levando-se em conta os níveis de 1990, a diminuição das
emissões seria de ao menos 40%. A proposta é parte essencial da
estratégia da UE para atingir as metas climáticas estipuladas no Acordo
de Paris.
A iniciativa inclui a abertura de sistemas de crédito para os
fabricantes de automóveis de modo a incentivar a produção de veículos de
emissão baixa ou nula, como os carros elétricos ou de combustíveis
alternativos. A Comissão Europeia planeja destinar 880 milhões de euros
para apoiar as mudanças necessárias na produção de automóveis e outros
200 milhões para o desenvolvimento de baterias.
O pacote de medidas inclui multas de até 95 euros a cada grama de CO2
emitida acima do limite previsto para cada automóvel registrado no ano
em que a violação for constatada, o que poderá ocasionar punições
milionárias em caso de violações. O limite para as emissões foi
estabelecido em 50 gramas de CO2 por quilômetro rodado.
As metas estabelecidas pela Comissão foram alvo de um amplo debate
dentro da UE, enfrentando forte oposição do lobby da indústria
automobilística até poucas horas da apresentação das medidas, nesta
quarta-feira. O setor as considera ambiciosas demais.
Resistência da indústria
A Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (Acea) reclama que
as metas para 2025 não permitem à industria tempo suficiente para
implementar as modificações necessárias.
"A proposta atual é muito agressiva se considerarmos a baixa e
fragmentada penetração de mercado dos veículos movidos por energias
alternativas em toda a Europa", afirmou em comunicado o secretário-geral
da entidade.
Países produtores de automóveis, como a Alemanha, se opuseram ao plano.
O ministro alemão do Exterior, Sigmar Gabriel, alertou que a imposição
de limites mais rígidos para as emissões se CO2 poderá resultar no
aumento dos custos de produção e gerar demissões.
O escândalo da manipulação dos dados das emissões de automóveis por empresas como a Volkswagen
aumentou a pressão para que as agências reguladoras europeias
impusessem limites mais rígidos. Vários governos nacionais e municipais
em todo o continente anunciaram a proibição dos veículos movidos a
combustíveis fósseis dentro das próximas duas décadas.
A proposta da Comissão – que coincide com a Conferência do Clima das
Nações Unidas em Bonn, na Alemanha – passou pelo primeiro estágio do
processo legislativo, mas necessitará da aprovação dos 28
Estados-membros da UE e do Parlamento Europeu antes de ser transformada
em lei.
Fonte: G1
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