Centro-Oeste se destaca com a soja, que tem a maior colheita da história
terça-feira, novembro 21, 2017
Mas chuvas atrasam plantio da próxima safra e exigem esforço extra
Clima favorável, alto investimento em tecnologia e controle de pragas são alguns dos fatores que contribuíram para que a safra brasileira de soja 2016/2017 registrasse um aumento de 19,4% em relação à anterior. A produção do país deve atingir a marca de 114 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). É difícil, porém, que isso se repita na próxima, por razões climáticas.
A
área plantada no país aumentou 650 mil hectares (2%) na safra atual,
passando de 33,25 milhões de hectares, na safra 2015/2016, para 33,91
milhões de hectares. A produtividade também aumentou — são 3.364 de
quilos por hectare (kg/ha), que representa uma alta de 17% com relação à
média de produtividade dos últimos 10 anos de safras, de 2.886 kg/ha.
O
Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, atrás dos Estados
Unidos, e está em primeiro lugar em exportações. “Há tempos não se
produzia mais de 50 sacas por hectare de média”, relata o engenheiro
agrônomo Marcos da Rosa, presidente da Associação Brasileira dos
Produtores de Soja (Aprosoja Brasil). Nem tudo é comemoração, porém:
câmbio e cotação do produto já foram mais favoráveis para o produtor.
A
cotação média do dólar nos anos de 2016 e 2017 passou de R$ 3,76 para
R$ 3,15, queda de 16%, ocasionando menores margens de lucro, ao mesmo
tempo em que os custos de produção estão com tendência de alta. As
exportações do complexo de soja entre os meses de janeiro e julho de
2017 representaram cerca de US$ 23 bilhões, aumento de 27% com relação
ao mesmo período de 2016, que atingiu US$ 18 bilhões.
A
comercialização da safra 2017/2018 tem se mostrado tímida se comparada à
média das últimas safras no mesmo período. Os produtores do Mato
Grosso, por exemplo, comercializaram cerca de 22,5% de sua safra,
enquanto a média de negócios, nesse mesmo período, para as últimas cinco
safras foi de 36%. “Há muita cautela”, observa Rosa.
A
Aprosoja, que reúne 15 associações estaduais, representando 96% da área
cultivada da oleaginosa no Brasil, espera que a balança comercial da
soja para a safra 2017/2018 apresente uma leve alta, quando comparada ao
ano de 2017, e que seja exportado um volume 2,95% maior do produto em
grãos. “Espera-se exportar algo em torno de US$ 24 bilhões a US$ 24,5
bilhões, valor cerca de 4% maior se comparado ao ano de 2017”, analisa
Marcos da Rosa.
O plantio da safra 2017/18
começou em meados de setembro. Até a semana passada, a soja tinha sido
plantada em 57% da área prevista já semeada no país, um pouco menos do
que nessa época no ano passado. Rosa acredita que, nesta safra, o
cenário será de chuvas abaixo da média e temperaturas elevadas,
prejudicando o desenvolvimento da soja. “Mesmo com uma previsão de
aumento de área de 4%, a produção deve cair 5%, para 107 milhões de
toneladas”, alerta.
Semana agitada
A
expansão no plantio de soja na última semana foi ocasionada pela
performance da região Centro-Oeste, onde o plantio aumentou 17 pontos
percentuais em uma semana. A irregularidade de chuvas no mês passado
acabou causando problemas para produtores que se preparavam para
concluir a semeadura. “Choveu muito por aqui e ninguém conseguiu plantar
a soja. Agora está todo mundo correndo atrás do prejuízo”, explica o
produtor Wiebe Chossen, da Fazenda Dois Pinheiros, em Unaí (MG).
Na
propriedade, localizada na Chapada do Catingueiro, Chossen destina 250
hectares ao cultivo de soja em área sem irrigação, o sequeiro. O milho é
a alternativa para o período de safrinha. Segundo o agricultor, a
janela para o plantio da soja na região ficou mais estreita por causa
das fortes chuvas que caíram em Unaí no início do mês, se intensificaram
na semana passada e prejudicaram o trabalho na lavoura. Com a estiagem,
o sojicultor usou uma nova semeadeira, que proporciona maior velocidade
de plantio. “Dá para cobrir 65 hectares em um dia. Economizamos de 15 a
20 dias no plantio”, atestou James Chossen, filho de Wiebe, que opera a
máquina.
De acordo com o relatório
Perspectivas Agrícolas 2017/2026 da Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), em dez anos, o Brasil deve se tornar o
maior produtor mundial de soja, ultrapassando os Estados Unidos. A
produção de soja no Brasil deve crescer cerca de 2,6%, em média, por
ano, enquanto a produção mundial crescerá em um ritmo mais lento, a uma
taxa anual de 1,9%. Alvadi Balbinot, da Embrapa Soja, é mais otimista.
“É possível que o país atinja essa posição bem antes disso”, diz.
Holandeses em Minas
Wiebe
Chossen nasceu em Averest, na Holanda, em 1918, e migrou para o Brasil
quando com apenas cinco anos — foram sete dias em um navio cargueiro. A
família, de 11 filhos, foi para Telêmaco Borba (PR), onde já existia uma
colônia de holandeses. Acostumado à vida de pequeno produtor de leite, o
patriarca passou a vender o produto aos funcionários da fábrica de
celulose. Em 1972, por meio do Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra), comprou 100 hectares para a lavoura. Mais de
uma década depois, oito famílias compraram dois mil hectares de terras
em Unaí (MG). A partir de 1984, com a vinda de outras famílias
diretamente da Holanda, uma nova colônia surgiu na região, denominada
Brasolândia. Tem hoje 120 pessoas e ocupa uma área de 3.000 hectares.
Está localizada a 60 km da sede do município e a 125 km de Brasília.
Grão dourado
A cadeia da soja no país
Consumo interno______________47,281 milhões de toneladas
Exportação do grão____________51,6 milhões de toneladas (US$ 19,3 bilhões)
Exportação de farelo___________14,4 milhões de toneladas (US$ 5,2 bilhões)
Exportação de óleo____________1,2 milhões de toneladas (US$ 0,9 bilhões)
Valor total___________________U$ 25,4 bilhões
Produtores no país____________240 mil
Postos de trabalho____________15 milhões (diretos e indiretos)
Faturamento anual____________US$ 70 bilhões
A cadeia da soja no mundo
Produção________________351,31 milhões de toneladas
Área plantada____________120,958 milhões de hectares
Maiores produtores globais
1º – Estados Unidos
Produção________________117 milhões de toneladas
Área plantada____________33,909 milhões de hectares
Produtividade____________3.501 kg/ha
2º - Brasil
Produção________________114 milhões de toneladas
Área plantada____________33,909 milhões de hectares
Produtividade____________3.364 kg/ha
Maiores produtores no Brasil
1º - Mato Grosso_________________30,51 milhões de toneladas
2º – Paraná_____________________19,53 milhões de toneladas
3º - Rio Grande do Sul____________18,71 milhões de toneladas
Fontes:
Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO);
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) / Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab); Associação Brasileira dos Produtores
de Soja (Aprosoja Brasil)
Fonte: Correio Brazilense
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