António Damásio aponta alterações climáticas como causa dos grandes fogos
quarta-feira, novembro 01, 2017
O
neurocientista António Damásio defendeu que as alterações climáticas, e
não a ação de qualquer Governo, são a causa dos fogos deste ano em
Portugal e na Califórnia, onde, realçou, houve os maiores incêndios de
sempre.
António
Damásio falava na presença do presidente da República, Marcelo Rebelo de
Sousa, perante alunos do ensino secundário, com os quais conversou no
antigo Museu dos Coches, em Lisboa, no âmbito da iniciativa "Cientistas
no Palácio de Belém", e a quem pediu que levem a sério e procurem agir
face à modificação do clima.
O
médico neurologista e investigador e também conselheiro de Estado, que é
radicado nos Estados Unidos, ressalvou que "há evidentemente problemas
que são graves, e com os quais os governos têm de lidar e têm de
modificar, para fazer prevenção, para fazer redução do drama" dos
incêndios.
"Mas o drama não é
provocado por um Governo ou outro. O drama é provocado, no princípio,
por haver certas modificações que têm a ver com o número de dias em que
continua a haver temperaturas altas, não há humidade, não há chuva",
sustentou.
António
Damásio realçou que o estado norte-americano da Califórnia "é um lugar
altamente preparado, em que há toda a espécie de aviões, helicópteros,
prevenções de todo o início de incêndio".
"E,
no entanto, este ano, nestas últimas três semanas, houve os maiores
incêndios da história da Califórnia. Neste momento, há mais de 50
pessoas que morreram, há mais de uma centena de pessoas que nem sequer
se pode encontrar, não sabemos onde é que estão, e há qualquer coisa
como 10 mil casas destruídas", referiu.
Mesmo
numa região de vinhas deste estado norte-americano, "com boas estradas,
com algum cuidado em matéria da vegetação que é plantada", não foi
possível evitar os fogos, acrescentou Damásio, concluindo: "Estamos a
ver que tudo isto está a modificar-se".
Quer
na Califórnia, quer em Portugal, em termos de clima, "o ano de 2017 foi
muito pior do que qualquer outro ano das últimas décadas", salientou.
Segundo
o neurocientista, que desenvolveu toda a sua carreira científica em
universidades norte-americanas, "o que isto significa é que há qualquer
coisa que se está a passar que é diferente".
"Não
quer dizer que todas as razões que são dadas para a modificação do
clima sejam, de facto, razões reais, científicas. Mas há muitas que
são", afirmou.
António Damásio
apelou aos jovens alunos do ensino secundário para que tomem "isto como
realidade" e vejam "o que se pode fazer" face à mudança do clima, e não
sigam as vozes "que não acreditam na modificação climática" e dizem que
se trata de "uma invenção".
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