Por: Carlos Minuano - Metro Jornal São Paulo
Mais
de 11,2 mil pessoas morrem todos os anos no Estado de São Paulo por
problemas de saúde agravados pela alta quantidade de poluentes no ar. Os
dados são de um levantamento realizado pelo Instituto Saúde e
Sustentabilidade.
Só
na cidade de São Paulo, de acordo com estudo do instituto feito a
pedido do Greenpeace, mais de 3 mil mortes serão causadas neste ano por
problemas de saúde agravados especificamente pelas emissões de poluentes
da frota de ônibus a diesel. Se os coletivos não forem substituídos por
outros com combustíveis renováveis, a estimativa é que sejam 7 mil mortes em 2050.
Mostrando
números sobre os efeitos da poluição na saúde e mortalidade, o
instituto quer chamar a atenção para o fato, que, em sua avaliação, é
subdimensionado. “Nós médicos, que lidamos com a saúde humana, temos a
obrigação de trazer à luz a real dimensão do problema”, disse a médica
Evangelina Vormitagg, diretora da entidade.
“Os
padrões brasileiros de qualidade no ar estão defasados, são de 1990”,
alerta ela. Em 2005, a OMS (Organização Mundial da Saúde) fez uma
revisão em seus padrões. A emissão de material particulado por dia de
acordo com o órgão não deve ultrapassar 25 µg/m³ (microgramas por metro
cúbico). A partir de 50 µg/m³ o nível é considerado de emergência,
podendo causar danos à saúde.
“No
Brasil o nível tolerado é de 150 µg/m³, três vezes o nível de
emergência da OMS”, ressalta Evangelista. Em São Paulo, a Cetesb
(agência ambiental paulista), desde 2013, por decreto estadual, reduziu
esse valor para 120 µg/m³.
Enquanto
em cidades como Londres e Paris, o nível considerado de emergência é 80
µg/m³, em São Paulo é 500 µg/m³, igual ao da China. Na Cidade do
México, a partir de 300 µg/m³ a qualidade do ar é considerada perigosa.
“Pior que não mudar o padrão é informar que está bom, sendo que se sabe
que não está”, observa Evangelina.
De
acordo com Paulo Saldiva, chefe do Laboratório de Poluição Atmosférica
da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), o problema da poluição provocada por veículos na capital paulista é ilustrado da seguinte maneira: “Duas horas no trânsito (da capital) equivalem a fumar um cigarro por dia”, afirma o professor.
Etanol X poluição extra
Outro estudo, publicado neste mês na revista científica norte-americana Nature Communications,
mostra que quando a gasolina fica mais barata nos postos da cidade de
São Paulo, aumenta em 30% a emissão de nanopartículas –material
particulado ultrafino do tamanho de moléculas de gás que adentram no
pulmão e na corrente sanguínea.
Os
dados analisados são de 2011, período em que houve muitas oscilações no
preço do etanol, provocando a substituição do biocombustível pela
gasolina.
“As
partículas ultrafinas emitidas por veículos atravessam a barreira do
sistema respiratório e alcançam os alvéolos pulmonares, levando direto
para a corrente sanguínea qualquer metal pesado ou composto tóxico que
seja inalado”, diz Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da
USP, supervisor do estudo e coautor do artigo “Reduced ultrafine
particle levels in Sao Paulo’s atmosphere during shifts from gasoline to
ethanol use”.
Fonte: Metro Jornal
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