Por que o RenovaBio, finalmente, pode trazer ao setor de energias limpas uma política estratégica de peso daqui para a frente
A política de descarbonização foi um compromisso assumido em 2015 na 21ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP21), chamada de Acordo de Paris. A redução dos gases de efeito estufa na atmosfera, que são medidos em toneladas de “dióxido de carbono equivalente” (CO2e), tornou-se o principal objetivo nas políticas de preservação do planeta. Não que o Brasil seja o maior poluidor do mundo, mas pode dar o exemplo para países como a China, que emite 10,8 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa por ano, e os Estados Unidos, com 5,8 bilhões. O Brasil é o sétimo colocado, ainda atrás de Europa, Índia, Rússia e Indonésia. Atualmente, o País emite cerca de 1,5 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa. Com base no ano de 2005, o compromisso é reduzir em 37% as emissões até 2025 e chegar a 43% em 2030. Para cumprir a meta, terá de baixar as emissões para um bilhão de toneladas na primeira etapa e 800 milhões na segunda.
O Brasil é o terceiro maior consumidor global de combustíveis para transportes, setor responsável por 43% das emissões de gás carbônico na atmosfera. “O setor de veículos de transporte é responsável por um quarto das emissões de gases de efeito estufa no mundo”, diz Farina. O Brasil possui uma frota estimada em 42,5 milhões de veículos, segundo dados do Conselho Nacional de Trânsito. Em contrapartida, é líder na utilização de energias limpas, com produção de 26,8% de suas necessidades. É, também, o segundo maior produtor global de etanol e de biodiesel. No ano passado, o País produziu 3,2 milhões de metros cúbicos de biodiesel, segundo o MME. De etanol foram 27,8 bilhões de litros na safra 2016/2017, de acordo com a Conab. Para Luciano Rodrigues, economista-chefe da Unica, a proposta do RenovaBio é elevar a participação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira a 18%, até 2030. “Atualmente, o etanol e o biodiesel representam 6 % da matriz energética brasileira”. O tamanho do mercado de biocombustíveis vai depender da meta de descarbonização, ou seja, de quantas toneladas de carbono se pretende reduzir até 2030. “A expectativa é produzir 54 bilhões de litros de etanol até lá”, diz Rodrigues.
Para o engenheiro Jacyr da Silva Costa Filho, a introdução de métricas de mercado pode ajudar o setor. Além de presidente do Conselho Superior do Agronegócio, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Costa Filho é o diretor da região Brasil da francesa de bioenergia Tereos, empresa que faturou R$ 10,2 bilhões no ano passado. “Isso inclui instrumentos de incentivo, em função da análise de ciclo de vida do biocombustível”, diz ele. Rodrigues, da Unica, afirma que para o aumento da produção até 2030 seria necessários investimentos da ordem de R$ 100 bilhões da iniciativa privada. “Esses recursos serão utilizados para construir ou recuperar as usinas fechadas”, afirma. Mas Costa Filho, diz que os benefícios vão além. “O RenovaBio não vai trazer apenas os investimentos de volta ao País, criando empregos”, afirma. “O programa vai afetar a balança comercial porque substitui a atual política vigente, obrigada à importação de combustíveis fósseis.”
Fonte: Dinheiro Rural
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