A humanidade, desde seu engatinhar no
desenvolvimento, sempre se utilizou da natureza e recursos naturais para
seu avanço. Esse avanço se tornou muito mais acentuado a partir da
Revolução Industrial, mas somente na metade do século XX que os
primeiros alertas acerca da degradação ambiental começaram a aparecer, e
suas consequências a serem descobertas. E assim, começamos a descobrir
os efeitos tóxicos da poluição atmosférica, que afeta não apenas o nosso
ar, mas também nossas águas através da interação desses dois meios.
Os oceanos e rios também sofrem com a poluição atmosférica quando, ao
se dissolverem nas suas águas, poluentes afetam direta ou indiretamente
os animais marinhos e toda a cadeia ligada a eles (como aves marinhas),
além de nós humanos, que as consumimos de diversas formas.
Figura 1: Segundo a Folha de São Paulo, 1 em cada 10 mortes decorrem de complicações por poluição atmosféricas. Fonte: Folha de São Paulo, 2016. |
Figura 2: Mercúrio em estado líquido. Na forma de gás, não tem cheiro ou cor. Fonte: Alunos Online UOL |
No corpo, o derivado de mercúrio causa
sintomas como insensibilidade na pele (parestesia), dormência ou
sensação de formigamento, seguido de falta de controle muscular (ataxia
cerebelar), dificuldade na articulação das palavras (disartria),
distúrbios de personalidade (neurastenia), constrição do campo de visão,
perda auditiva, problemas no olfato e paladar, dano difuso em sistemas
nervosos de fetos, causando atrasos no desenvolvimento neurocognitivo e
psicomotor (desde problemas de fala, mastigação e interação
até microcefalia), desordens somatosensoriais e psiquiátricas, e em
casos graves pode causar paralisia e morte. Há até estudos
que comprovam a relação entre casos de mal de
Parkinson, Autismo, Alzheimer, Esclerose Lateral Amiotrófica, Lúpus
e Artrite Reumatóide e ingestão de pequenas concentrações de mercúrio.
Outro exemplo é o chumbo.
Muito comum em combustíveis veiculares até meados da década de 80 nos
Estados Unidos e até 1989 no Brasil, as principais formas de
contaminação por chumbo ocorrem por ingestão de água ou alimentos contaminados ou por inalação de poeira que contém partículas do componente. Esse material pode ser armazenar por até 30 anos no tecido ósseo, caracterizando um dos poluentes mais perigosos.
Figura 3: Chumbo em forma sólida. Suas partículas misturas ao ar podem contaminar. Fonte: Revista Ecológico. |
Depois de absorvido é transportado pelo
sangue e distribuído por três compartimentos: sangue, tecidos
mineralizados e tecidos moles (fígado, rins, pulmões, cérebro, baço,
músculos e coração). Os sintomas que causam no homem são: redução do
QI, dificuldades de aprendizagem ou problemas de comportamento,
anemia, aumento da pressão sanguínea, danos aos rins e à medula óssea,
abortos, diminuição da fertilidade, e principalmente danos ao sistema
nervoso central e periférico.
Figura: Fontes naturais e antropogênicas da entrada de mercúrio e chumbo na atmosfera. |
Figura 5: Poluição em São Paulo. Fonte: Cultura Mix. |
Um caso emblemático brasileiro ocorreu em
Adrianópolis, no Vale da Ribeiro, Paraná. A mesma mineradora, Plubum,
atuou durante 50 anos na região e descartou indevidamente compostos de
chumbo no solo e atmosfera. Estudos comprovaram média
concentração de chumbo no sangue de comunidades que viviam em torno da
empresa, estritamente no limite do aceitado pela Center
for Disease Control and Prevention (CDC). Como no caso
anterior, plantações locais estavam contaminadas com o minério, e até
hoje a população ainda sofre com os sintomas dessa intoxicação.
Devemos lembrar novamente que, além de nos afetar, esses compostos afetam também os animais e o meio ambiente em que contaminam, incluindo os nossos oceanos. Todos os ambientes, oceanos, atmosfera e solo, estão diretamente conectados e interdependentes.
Embora muitas das vezes possam ocorrer
acidentes de vazamentos químicos ou complicações no descarte, é muito
importante destacar que a maior parte do problema da poluição por metais
pesados ainda é negligência às leis e leis ambientais pouco rígidas. É
essencial que a conscientização e educação da sociedade ocorram para que
haja pressão nas autoridades responsáveis quanto à fiscalização e
legislação para que, assim, haja menos impacto tanto para a natureza
quanto para nós.
Fonte: Olhar Oceanográfico
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