Governo e sociedade civil começam diálogos de construção do plano para cumprir as metas de corte de emissões no contexto do Acordo de Paris.
A sociedade brasileira deu a largada para atingir as metas do país no contexto do Acordo de Paris sobre mudança do clima. O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, abriu nesta terça-feira (14/03), em Brasília, os diálogos estruturados com todos os envolvidos no desafio de frear o aumento da temperatura média do planeta. A participação social faz parte do compromisso anunciado por Sarney Filho na Cúpula do Clima, realizada em novembro passado em Marrakech.
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O objetivo é integrar cada setor, do industrial ao agropecuário, na definição de medidas para cortar emissões e, com isso, evitar o aquecimento global. A expectativa é que, até outubro, sejam consolidadas propostas para consideração durante a elaboração da Estratégia Nacional de Implementação e Financiamento para a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil ao Acordo de Paris. Os demais interessados também têm até 30 de junho para enviar contribuições para a construção do documento.
ESFORÇO NACIONAL
A contribuição brasileira é considerada uma das mais expressivas a nível mundial justamente por envolver o conjunto da economia. “Com nosso esforço nacional, vamos mostrar que o Acordo de Paris é viável e que o processo de combate à mudança do clima é irreversível”, declarou o ministro. Sarney Filho acrescentou que o engajamento será fundamental para dar continuidade à liderança brasileira na agenda. “Entramos em um caminho sem volta”, afirmou.
Medidas voltadas para o setor de uso da terra foram apontadas como avanços para o país. Como representante do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, o assessor José Santo Campari Júnior citou o Plano Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC), que define ações sustentáveis para o setor. “Já temos o mapa do caminho”, avaliou. “O Brasil se encontra, hoje, em uma posição de construção de consensos”, destacou.
REDUÇÃO
Conduzida pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), a primeira rodada reuniu a Câmara Temática de florestas, biodiversidade, agricultura e pecuária. Esses são os setores com os melhores resultados obtidos pelo país no combate ao aquecimento global. “É onde o Brasil já conseguiu reduzir suas emissões com maior intensidade e onde podemos reduzir ainda mais”, explicou o secretário-executivo do FBMC, Alfredo Sirkis.
Uma agenda de trabalho foi montada pelo Fórum para englobar todos os temas necessários. Os diálogos estruturados incluirão, ainda, reuniões das câmaras temáticas de geração de energia, mobilidade e transportes, indústria e cidades e resíduos ao longo de todo o ano. Também serão abordadas questões ligadas a finanças, defesa nacional e tecnologia e inovação.
Os moradores da região amazônica também terão destaque. Prioridade de Sarney Filho, a participação das populações tradicionais está garantida no processo. Na reunião, o presidente da Associação de Moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, Sebastião Mendonça, ressaltou o papel dos extrativistas para manter a floresta em pé. “É preciso construir um caminho onde se valorize a organização social”, defendeu.
SAIBA MAIS
As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) são as metas que cada país apresentou no contexto do Acordo de Paris para fazer a sua parte frente à mudança do clima. O esforço global é manter o aumento da temperatura média do planeta bem abaixo dos 2ºC em relação aos níveis pré-industriais e garantir esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC.
Considerada uma das mais ambiciosas, a meta brasileira é reduzir as emissões de carbono em 37% até 2025, com indicativo de cortar 43% até 2030 – ambos em referência aos níveis de 2005. Para isso, o país propõe, entre outras coisas, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas e alcançar a participação estimada de 45% de energias renováveis na matriz energética.
Fonte: MMA
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