Meta foi acordada na Conferência do Clima de Marrakesh, que determinou a limitação do aquecimento global a 2 graus
O Brasil encerrou a participação na Conferência do Clima (COP-22) realizada no mês passado em Marrakesh, no Marrocos, com o compromisso de cumprir uma meta ambiciosa: reduzir em 43% as emissões de gases de efeito estufa até 2030, em relação aos níveis de 2005. Outras metas brasileiras são aumentar a participação de bioenergia sustentável na matriz energética para aproximadamente 18%, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas, bem como aumentar em 45% a participação de energias renováveis na composição da matriz energética até 2030. Curta nossa página no Facebook para ficar por dentro das novidades do mercado da Macaúba!
O encontro, destinado a discutir meios de colocar em prática o Acordo de Paris (construído na COP-21, em 2015), teve a participação de 195 países que reforçaram o compromisso de agir para limitar o aquecimento do planeta a 1,5 ºC, no máximo 2 ºC, em relação ao nível pré-industrial.
Os efeitos das mudanças climáticas já são sentidos na rotina dos brasileiros, que cada dia mais convivem com a instabilidade do clima concretizada em chuvas excessivas e longos períodos de estiagem. O país é o sétimo no ranking das emissões, liderado por China e Estados Unidos. O mundo libera por ano 36 bilhões de toneladas de CO2, o que torna a transição para uma economia de baixo carbono urgente.
Charles Carneiro, professor do mestrado em Governança em Sustentabilidade da Isae/FGV e gerente da unidade de Esgoto da Sanepar em Curitiba e Região Metropolitana, concorda que a meta é ousada. "É preciso traduzir o discurso aqui dentro, pois, se formos considerar o histórico, tenho dificuldade de acreditar que se tornará realidade", opina. Entre os fatos que causam a descrença, ele cita o aumento de 24% no desmatamento da Amazônia em 2015, com grandes chances de se manter em 2016.
Outro fator é que, a despeito do comprometimento pela redução do uso de carvão mineral, o País criou uma política de incentivo ao uso do insumo. "Ainda não foi ratificada pelo presidente Michel Temer, mas mostra um descompasso entre o discurso e a ação", pondera o especialista, lembrando que a dificuldade dos brasileiros em cumprir acordos impõe desafios à fiscalização do cumprimento das metas por governo, empresas e sociedade civil. "Como medir isso e fazer com que se torne realidade é uma incógnita", acredita.
Ele lembra que quando as nações assinaram o protocolo de Kyoto em 1997 já houve o compromisso de reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, mas as metas não foram atingidas. "Não foram criados instrumentos para medir as emissões, não se buscou alternativas tecnológicas para isso", critica.
No Brasil, o professor acredita que possa ser possível cumprir metas de redução das emissões a curto prazo por causa da crise. "A desaceleração econômica fez com que empresas fechassem, causou desemprego, retração do PIB, que deve perpetuar por 2017. Quando a indústria desacelera, há menos transporte, menos consumo de energia e combustível, o que reduz as emissões", lamenta.
Por outro lado, a própria crise impõe a necessidade de aumentar a eficiência dos processos produtivos, com substituição de equipamentos obsoletos e investimento na racionalização de recursos. "Para continuar competitiva, a empresa tem que apostar na redução do consumo e também no reuso", ensina.
Carolina Avansini
Reportagem Local
No PR, agropecuária é o setor com o maior índice
No Paraná, a agropecuária é a responsável pela maior parte das emissões de gases com efeito estufa (38%), seguida por transportes (30%) e indústria (22%). Para enfrentar as mudanças climáticas, o mestre em Engenharia José Rubel, coordenador de Mudanças Climáticas da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema), explica que o governo do Estado age em duas frentes. Uma delas é a mitigação, que visa reduzir a emissão dos gases. A outra é a adaptação às consequências das mudanças climáticas, o que tem sido feito com investimentos em ações de mapeamento de riscos de enchentes e deslizamentos, por exemplo. "Estamos investindo em modelos de previsão meteorológica", diz, antecipando que os recursos previstos são da ordem de R$ 40 milhões. "A ideia é que Defesa Civil e prefeituras possam alertar a população com antecedência", completa.
No caso da redução de emissões, ele afirma que as ações precisam ser globais e, no Brasil, dependem também do governo federal.
O selo Clima Paraná, segundo ele, é uma das iniciativas para promover a redução, visto que incentiva as empresas a inventariarem a "pegada de carbono". Aquelas que contabilizam os gases emitidos são agraciadas com o selo. "Com isso queremos incentivar e amparar uma transição competitiva para economia de baixo carbono, pois o mundo está estabelecendo limite de emissões. Ao conhecer as próprias emissões, a empresa passa a ter informações para traçar estratégias", diz.
Rubel defende que as companhias que desenvolverem tecnologias mais "limpas" vão sair na frente dos concorrentes quando a redução das emissões se tornar compulsória. "Investir em tecnologias limpas significa oportunidade de inovação tecnológica", acredita. (C.A.)
Sanepar aposta na redução das emissões de metano
Rubel defende que as companhias que desenvolverem tecnologias mais "limpas" vão sair na frente dos concorrentes quando a redução das emissões se tornar compulsória. "Investir em tecnologias limpas significa oportunidade de inovação tecnológica", acredita. (C.A.)
Sanepar aposta na redução das emissões de metano
Entre as empresas que realizaram voluntariamente o inventário para calcular a emissão de gases de efeito estufa e que foram contempladas pelo selo Clima Paraná em 2016, a Sanepar foi a que mais emitiu as substâncias. No total, a companhia emitiu 950.529,28 toneladas de gases de efeito estufa no ano, conforme informações da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), que concedeu o selo na categoria "Prata" pelas informações levantadas.
Charles Carneiro, professor do mestrado em Governança em Sustentabilidade da Isae/FGV e gerente da unidade de Esgoto da Sanepar em Curitiba e Região Metropolitana, explica que o alto índice de emissões vem das estações de tratamento de esgoto, que por utilizarem o sistema anaeróbio geram grandes quantidades de metano, que tem um potencial de provocar aquecimento global 25 vezes maior que o gás carbônico.
"A Sanepar tem tomado medidas para reduzir a emissão de metano", destaca o gerente, explicando que a principal ação é a instalação de queimadores nas estações de tratamento para converter metano em gás carbônico, o que reduz o potencial de aquecimento de 25 para 1.
"Estudamos também a possibilidade de transformar o metano em combustível", antecipa. Outro projeto, segundo ele, é substituir os queimadores comuns por equipamentos de alta eficiência, mas que custam muito caro. Um queimador com eficiência máxima de 50% custa em torno de R$ 4 mil. Já o equipamento com resultados de 100% custam R$ 500 mil. "Buscamos parceria com empresas para produzir queimadores mais baratos", relata.
Carneiro pontua que a companhia avalia a possibilidade de substituir o sistema de tratamento atual - mais barato, porém com menor qualidade no tratamento – pelo sistema aeróbio, que é mais eficiente porém consome mais energia. "O maior objetivo seria produzir um efluente de melhor qualidade", diz.
No dia a dia, as equipes da companhia observam os efeitos das mudanças climáticas em situações que eram distantes e ficam cada vez mais próximas.
Um exemplo é o chamado efeito de cunhas salinas provocadas pela elevação do nível do mar. "Hoje já adentram no continente e chegam perto de pontos de captação de água", afirma. (C.A.)
Empresa investe em compensação das emissões
Um exemplo é o chamado efeito de cunhas salinas provocadas pela elevação do nível do mar. "Hoje já adentram no continente e chegam perto de pontos de captação de água", afirma. (C.A.)
Empresa investe em compensação das emissões
No Paraná, o segundo setor que mais gera emissões de gases de efeito estufa é o de transportes, principalmente em função dos combustíveis. Para minimizar esse impacto, a distribuidora Ipiranga mantém o Programa Ipiranga Carbono Zero, que engloba todas as ações relacionadas à gestão das emissões de gases de efeito estufa, desde mensuração e redução até a compensação das emissões que não puderam ser evitadas.
Conforme informações da assessoria de imprensa da companhia, o programa fomenta iniciativas que minimizem o impacto ambiental, como campanhas de conscientização de consumo e ações voltadas à eficiência energética. Essas ações renderam à empresa o Selo Clima Paraná na categoria ouro nas unidades operacionais em Londrina e também em Araucária, Cascavel e Guarapuava.
Além de neutralizar todas as emissões diretas, a Ipiranga investe em projetos para minimizar o impacto dos clientes que consomem os combustíveis da rede. A ação, conforme a assessoria, já soma mais de 200 mil toneladas de carbono desde seu início. A compensação ocorre por meio da aquisição de créditos de carbono do mercado voluntário.
"Desde 2012, a empresa é signatária do Pacto Global da Organização das Nações Unidas e tem o compromisso de adotar, em suas práticas de negócios, valores fundamentais nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção", diz a nota enviada pela assessoria. (C.A.)
Fonte: Folha de Londrina
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