Marcas de cosméticos investem em sustentabilidade e defesa dos animais
segunda-feira, outubro 31, 2016
A expansão dos valores ecológicos pelos consumidores desencadeia preocupação ambiental nas empresas
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O termo cruelty free significa ‘’livre de crueldade’’ e é aplicado aos produtos que não foram testados em animais. Essa conscientização é crescente na sociedade, que atualmente tem buscado saber mais sobre a evolução dos testes laboratoriais e, consequentemente, dado preferência às empresas responsáveis que utilizam métodos com o objetivo de suspender o uso dos animais como cobaias.
A busca por produtos cruelty free na indústria cosmética é muito mais profunda do que aparenta. Apesar do consumidor pesquisar e se atentar sobre a origem do que consome, diversas marcas alegam que seus produtos não foram testados em animais, porém contém ingredientes em sua formulação que anteriormente passaram por esse procedimento.
Conhecida nacional e internacionalmente por ser sustentável, a empresa de cosméticos Natura alega não realizar testes em animais desde 2006. Apoiada pelo PEA (Projeto Esperança Animal), entidade ambiental contra maus tratos e testes em animais, a marca ressalta em seu site oficial que ‘’Em vez deles, utilizamos as mais avançadas técnicas mundiais de avaliação de segurança, que incluem modelos computacionais, revisão contínua de pesquisas publicadas e testes alternativos aceitos pela comunidade científica internacional".
Segundo Paulo Luiz*, analista de logística da Natura há quase 13 anos, o fato de fazer parte de uma empresa sustentável mudou o ponto de vista ambiental que ele possuía, assim como o de outros colaboradores. Ele diz que uma possível mudança de emprego dificultaria a adaptação justamente por nem todas as empresas serem responsáveis sustentavelmente.
Ele acrescenta que a Natura também envolve os funcionários a participarem de projetos ambientais diretamente: ‘’São dezenas de projetos e na Natura são distribuídos em diretorias. Na que atuo cada colaborador com cargo acima de analista tem que entregar obrigatoriamente dois projetos ao ano, e um deles deve ser voltado a sustentabilidade. Exemplos: utilização de carros 100% elétricos: entregas por bicicletas; uso preferencial de Etanol; colaboradores que trabalham diretamente na Amazônia com suporte aos cultivadores de produtos especiais (açaí, cupuaçu...), onde garantem que a extração seja realizada de forma controlada, com pagamento de valores justos ao produto’’.
Outro exemplo de sucesso em relação ao meio ambiente é a marca britânica Lush Cosmetics. Além de ser cruelty free, a marca é 100% sustentável pois fabrica cosméticos naturais e feitos à mão. Fundada no Reino Unido, a rede tem 851 lojas em 51 países. Em 2007, veio para o Brasil, mas a tentativa não deu certo e a saída mais viável foi fechar as portas. Há 2 anos, em 2014, a Lush voltou com sede de sucesso e pretende abrir 30 lojas em 5 anos.
Todas as embalagens são de material reciclável, e nem todos os produtos são embalados. “Nós acreditamos que você pode levar um produto de qualidade, com os melhores benefícios, sem pagar por embalagem”, diz Hilmar Prato, gerente de expansão da Lush no Brasil.
Além de possuir um site para compras online, a marca oferece um spa na loja física de São Paulo, localizada na Rua da Consolação, para que as pessoas relaxem e sintam os produtos para o cabelo e corpo, sais de banho, espumas efervescentes e até mesmo pastilhas para os dentes que misturadas com água, substituem a pasta dental. O formato dos utensílios também é diferenciado e faz com que a loja aparente ser uma mercearia com frutas, queijos e doces, porém nada é comestível.
A estrutura da loja é composta por frases que apoiam a luta contra a crueldade aos animais e eco bags são vendidas para arrecadar verbas que serão destinadas a ONGs apoiadoras da causa. ‘’Relações longas, duradouras, benéficas para todos os envolvidos são necessariamente sustentáveis. Acreditamos na proteção das pessoas, dos animais e do planeta e levamos este compromisso a sério’’, complementa Renata Pagliarussi, gerente geral da Lush no Brasil.
Apesar de diversas marcas de cosméticos preocuparem-se com a sustentabilidade, este investimento ainda está em ascensão. É preciso que os consumidores investiguem cada vez mais a procedência dos produtos que consomem a fim de colaborar com essa causa primordial para a natureza. Há esperança no mercado cosmético, assim como há no mundo, quando a sociedade reconhece o seu valor com o elo do universo e caminha de mãos dadas rumo à preservação.
Foto: Laís Freire, Victor Brandão - retirado de Universidade Metodista de São Paulo
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