Planeta ultrapassa marca de 400 ppm de CO2 de forma permanente
quinta-feira, setembro 29, 2016
Concentração de dióxido de carbono na atmosfera supera marco simbólico
Mesmo que a Humanidade zerasse as emissões, concentração de CO2 continuaria alta por décadas - PHIL NOBLE / REUTERS |
Os livros de História vão lembrar setembro de 2016 como um marco para as mudanças climáticas. O mês, que normalmente registra baixa na concentração de dióxido de carbono (CO2), ficou pela primeira vez acima de 400 partes por milhão (ppm). Para os cientistas, isso significa que este ano será oficialmente o primeiro a cruzar a marca simbólica das 400 ppm, de forma permanente.
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“É possível que outubro produza um valor mensal inferior a setembro e retorne para abaixo de 400 ppm? É quase impossível”, escreveu Ralph Keeling, cientista responsável pelo programa de monitoramento de CO2 do Instituto Scripps para Oceanografia. “Excursões breves para valores mais baixos são possíveis, mas já parece seguro concluir que não veremos um valor mensal abaixo de 400 ppm neste ano — ou nunca mais num futuro indefinido”.
Segundo Keeling, nas últimas duas décadas, quatro anos registraram níveis menores de concentração de CO2 em outubro em relação a setembro. Entretanto, a redução máxima foi de 0,45 ppm, o que não seria suficiente para levar a taxa para abaixo dos 400 ppm. Em novembro inicia o ciclo de alta, que pode levar a níveis inéditos acima das 410 ppm.
Normalmente, setembro registra as menores concentrações de dióxido de carbono na atmosfera por causa do crescimento das plantas no Hemisfério Norte durante o verão. Com a chegada do outono, as árvores perdem suas folhas que, quando entram em decomposição, liberam novamente o carbono estocado. Segundo o Observatório Mauna Loa, existem sinais de que este processo já foi iniciado, mas os níveis permaneceram acima dos 400 ppm.
O Acordo Climático de Paris pode ser um alento, mas é improvável que o mundo retorne a níveis de poluição por carbono abaixo dos 400 ppm. Mesmo que a Humanidade encerrasse todas as emissões amanhã, levaria décadas para a concentração começar a cair.
— No melhor dos cenários, haveria um balanço no curto prazo e os níveis de CO2 não mudariam tanto, mas poderia começar a cair em uma década ou mais — disse Gavin Schmidt, cientista-chefe da Nasa, ao site Climate Central. — Na minha opinião, nós nunca mais veremos um mês abaixo de 400 ppm.
Análises em camadas de gelo indicam que nos últimos 800 mil anos (até o período pré-industrial) , a concentração de CO2 na atmosfera variou ciclicamente entre 180 ppm e 280 ppm. De acordo com um estudo publicado em 2009 pela Science, nos últimos 20 milhões de anos, os níveis de dióxido de carbono na atmosfeta só estiveram perto do que temos hoje durante o Mioceno, entre 16 milhões e 12 milhões de anos atrás. Na época, as temperaturas eram entre 3 e 6 graus Celsius maiores que as atuais, e o nível do mar era de 25 a 40 metros superior.
A marca de 400 ppm é simbólica, mas mostra que o mundo não está tomando medidas suficientes para manter o aquecimento do planeta dentro de níveis seguros. A meta de elevação máxima da temperatura em 1,5 grau Celsius em relação aos níveis pré-industriais acordada em Paris já foi comprometida, e é cada vez mais improvável que o aquecimento fique abaixo dos 2 graus Celsius, marca considerada segura, apesar de já provocar danos incalculáveis a populações em diversas partes do mundo.
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“É possível que outubro produza um valor mensal inferior a setembro e retorne para abaixo de 400 ppm? É quase impossível”, escreveu Ralph Keeling, cientista responsável pelo programa de monitoramento de CO2 do Instituto Scripps para Oceanografia. “Excursões breves para valores mais baixos são possíveis, mas já parece seguro concluir que não veremos um valor mensal abaixo de 400 ppm neste ano — ou nunca mais num futuro indefinido”.
Segundo Keeling, nas últimas duas décadas, quatro anos registraram níveis menores de concentração de CO2 em outubro em relação a setembro. Entretanto, a redução máxima foi de 0,45 ppm, o que não seria suficiente para levar a taxa para abaixo dos 400 ppm. Em novembro inicia o ciclo de alta, que pode levar a níveis inéditos acima das 410 ppm.
Normalmente, setembro registra as menores concentrações de dióxido de carbono na atmosfera por causa do crescimento das plantas no Hemisfério Norte durante o verão. Com a chegada do outono, as árvores perdem suas folhas que, quando entram em decomposição, liberam novamente o carbono estocado. Segundo o Observatório Mauna Loa, existem sinais de que este processo já foi iniciado, mas os níveis permaneceram acima dos 400 ppm.
O Acordo Climático de Paris pode ser um alento, mas é improvável que o mundo retorne a níveis de poluição por carbono abaixo dos 400 ppm. Mesmo que a Humanidade encerrasse todas as emissões amanhã, levaria décadas para a concentração começar a cair.
— No melhor dos cenários, haveria um balanço no curto prazo e os níveis de CO2 não mudariam tanto, mas poderia começar a cair em uma década ou mais — disse Gavin Schmidt, cientista-chefe da Nasa, ao site Climate Central. — Na minha opinião, nós nunca mais veremos um mês abaixo de 400 ppm.
Análises em camadas de gelo indicam que nos últimos 800 mil anos (até o período pré-industrial) , a concentração de CO2 na atmosfera variou ciclicamente entre 180 ppm e 280 ppm. De acordo com um estudo publicado em 2009 pela Science, nos últimos 20 milhões de anos, os níveis de dióxido de carbono na atmosfeta só estiveram perto do que temos hoje durante o Mioceno, entre 16 milhões e 12 milhões de anos atrás. Na época, as temperaturas eram entre 3 e 6 graus Celsius maiores que as atuais, e o nível do mar era de 25 a 40 metros superior.
A marca de 400 ppm é simbólica, mas mostra que o mundo não está tomando medidas suficientes para manter o aquecimento do planeta dentro de níveis seguros. A meta de elevação máxima da temperatura em 1,5 grau Celsius em relação aos níveis pré-industriais acordada em Paris já foi comprometida, e é cada vez mais improvável que o aquecimento fique abaixo dos 2 graus Celsius, marca considerada segura, apesar de já provocar danos incalculáveis a populações em diversas partes do mundo.
Fonte: O Globo
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