Uso do biocombustível em proporções maiores que os atuais 7% por litro de diesel pode, até 2025, contribuir para reduzir 52 mil internações hospitalares
“Biodiesel é o melhor combustível do Brasil. É o pré-sal verde e Mato Grosso se destaca como grande produtor deste combustível limpo, renovável e barato que vai ajudar o país a cumprir o Acordo de Paris”, declarou o diretor-superintendente da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), Donizete Tokarski, durante o 1º Congresso de Bioenergia de Mato Grosso e o 3º Congresso do Setor Sucroenergético do Brasil Central, em Cuiabá.O governo brasileiro ratificou o documento previamente aprovado, no ano passado, por 197 países que participaram da Conferência do Clima de Paris (COP 21). O compromisso dos países signatários é manter o aumento da temperatura média global em menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e fazer um esforço para limitar essa elevação da temperatura a 1,5°C. Com a ratificação, o Brasil assumiu como objetivo cortar as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025, com o indicativo de redução de 43% até 2030 – ambos em comparação aos níveis de 2005.
Segundo Torkaski, o estado de Mato Grosso contribuirá com essa redução dos gases de efeito estufa com o aumento da produção e maior utilização do biodiesel, pois o combustível é menos poluente se comprado ao diesel. “Mato Grosso é um grande produtor, tem um grande mercado consumidor, basta um novo olhar da sociedade e do poder público para perceber as vantagens em se utilizar o biocombustível em maior escala”, afirmou. Segundo dados da Ubrabio, em 2030, a utilização de B30 contribuirá para a redução de 80% das emissões de gases do efeito estufa somente no setor de transporte.
Atualmente no país é obrigatória a mistura de 7% de biodiesel ao diesel, no próximo ano subirá para 8% e, até março de 2019, a mistura terá de ser de 10%. Frotas cativas e grandes consumidores rodoviários são contemplados com o uso autorizativo de B20 e os consumidores agrícolas, industriais e ferrovias o teto é de 30%. Oriundo praticamente da soja (77%), o biodiesel no Brasil é produzido também do sebo bovino (19,30%), óleo de fritura (0,43%), caroço de algodão (2,00%) e outros produtos (0,97%).
“Somente a soja como matéria-prima é suficiente para atender a demanda, mas precisamos diversificar a produção, para isso temos de melhorar as competências técnicas, com melhores investimentos em tecnologia e pesquisa”, alertou o consultor técnico da Ubrabio, Donato Aranda. “Para o presidente do Sindicato das Indústrias do Biodiesel no Estado de Mato Grosso (SindiBio-MT), Rodrigo Guerra, a vocação agrícola do Estado contribui para o bom desempenho do biodiesel, tornando Mato Grosso o segundo maior produtor do país, com 15 indústrias instaladas.
“As usinas têm capacidade para absorver a produção de soja e estão preparadas para abastecer o Brasil. O agricultor precisa entender que biodiesel é importante para ele porque agrega valor à sua propriedade e a soja produzida é matéria-prima para um combustível limpo e renovável”, explicou Guerra, que participou como moderador do painel ‘Oportunidades com o Biodiesel’, no congresso de Bioenergia.
No evento, o técnico da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Antonio Carlos Ventilli, apresentou um estudo sobre as vantagens ambientais e para a saúde pública do uso progressivo de biodiesel. Segundo pesquisa, o uso do biocombustível em proporções maiores que os atuais 7% por litro de diesel pode, até 2025, contribuir para reduzir 52 mil internações hospitalares por doenças relacionadas à poluição do ar, o que representa uma economia de mais de R$ 2 bilhões para os sistemas de saúde pública de estados e municípios.
Também participou do congresso o gerente de Economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Furlan Amaral. Ele destacou a importância de agregar valor aos produtos brasileiros ao invés de exportar in natura, como é feito principalmente com a soja.
Fonte: Portal Mato Grosso
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