Crescimento é de 192% em 2014 em relação a 1994, segundo análise inédita dos dados de 2014 para os setores de energia e indústria; emissão por exploração de petróleo também tem aumento
PRESS RELEASE
As emissões de gás carbônico por automóveis e motocicletas em 2014 representaram 77% de tudo o que foi emitido pelo transporte de passageiros naquele ano, consolidando um crescimento de 192% em relação a 1994. Ao mesmo tempo, de acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano, nesse período, o número de passageiros transportados por ônibus caiu 20% nas principais regiões metropolitanas do país.
Curta nossa página no Facebook para ficar por dentro das novidades do mercado da Macaúba!
Os dados vêm da análise das emissões dos setores de energia e indústria do SEEG (Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa), lançada nesta sexta-feira pelo Observatório do Clima. O período analisado vai de 1970 a 2014.
O relatório, elaborado pelo Iema (Instituto de Energia e Meio Ambiente), traz duas recomendações sobre como reverter essa trajetória, que o governo federal e os candidatos a prefeito das principais cidades brasileiras fariam bem em ler: primeiro, é preciso manter as iniciativas de inovação tecnológica na frota nacional, de modo a aumentar a eficiência dos veículos e reduzir a poluição. Mas esta medida, isoladamente, pode até piorar a mobilidade nas cidades brasileiras enquanto diminui emissões. Ela precisa necessariamente, estar acompanhada de iniciativas de estímulo ao transporte público e racionalização do uso de carros. Como exemplo, pode-se investir em medidas de priorização da circulação do transporte público nas vias, desde as faixas exclusivas para ônibus até os corredores segregados (BRT).
Os dados do SEEG também mostram que a recente retomada do uso do etanol teve um impacto positivo nas emissões. A participação do etanol no transporte de passageiros, que caíra de 33,2% em 2009 para 22,1% em 2012, subiu novamente para 26% em 2014. Como consequência disso, o aumento de 15% na quilometragem total percorrida no entre 2012 e 2014 não foi acompanhado pelas emissões, que subiram apenas 4,5%.
“A retomada do etanol é um fator positivo e precisa ser muito ampliada. Mas essa medida, se adotada isoladamente, sem incentivos à ampliação da participação do transporte público nos deslocamentos da população, pode levar às cidades a um eco-congestionamento, na qual as emissões são baixas e ninguém consegue se deslocar porque a maior parte das pessoas utiliza automóvel”, alerta André Ferreira, diretor-presidente do Iema. “As prefeituras no Brasil ainda planejam obras para acomodar um número crescente de carros. Enquanto não houver uma mudança real de mentalidade para o investimento em transporte público acessível e menos poluente, teremos cidades cada vez mais inviáveis.”
PRÉ-SAL
Segundo o relatório, os setores de energia e processos industriais, que concentram principalmente as emissões por queima de combustíveis fósseis no Brasil, responderam em 2014 por 31,4% das emissões nacionais, com 580,3 milhões de toneladas de CO2 equivalente. A análise dos dados mostra uma consolidação das fontes fósseis como predominantes na matriz energética brasileira – 59% de toda a energia do país em 2014 veio de petróleo, gás natural e carvão, contra 51% em 1990.
Apesar da predominância do setor de transportes nas emissões de energia (devida principalmente ao fato de o transporte de carga ser feito por caminhões e o transporte de passageiros ter participação preponderante dos automóveis), o SEEG confirma que a geração de energia elétrica, com o acionamento de usinas fósseis para compensar a perda de geração nas hidrelétricas entre 2012 e 2014 foi a principal responsável pelas emissões adicionais naquele ano: 57%.
Outra fonte crescente de emissões de gases de efeito estufa do setor de energia é a produção de combustíveis. Em 2014, as emissões por extração e refino de petróleo e gás e das destilarias de álcool atingiram 28,6% do total – um aumento de 16,1% em relação a 2013. Noventa por cento disso veio do setor de petróleo. “Isso acende uma luz amarela para o país, principalmente por causa do pré-sal. Essas emissões por extração e refino tendem a se tornar um grande desafio em termos de emissões de gases-estufa do país”, diz Ferreira.
Fonte: Observatório do Clima
0 comentários
Agradecemos seu comentário! Volte sempre :)