As mudanças do clima batem à nossa porta já há alguns anos. Os períodos de estiagem por que passam as regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, a emergência de doenças transmitidas por insetos vetores, como a do vírus Zika pelo Aedes aegypti, e as ilhas urbanas de calor compõem um retrato do que vem por aí.
Dada a gravidade da situação, vários países, notadamente do G7, propuseram o banimento dos combustíveis fósseis até o final do século, como ficou demonstrado na Conferência do Clima das Nações Unidas, no final do ano passado em Paris.
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Mas as fronteiras tecnológicas para atingir esta meta não são simples. Felizmente, nosso país possui condições para enfrentar o desafio imposto pela deterioração do clima. Nesse contexto, os biocombustíveis são a alternativa mais rápida e eficiente para enfrentar a gravidade da questão ambiental. Eles emitem quase nenhum gás de efeito estufa e, ao mesmo tempo, exibem menor emissão de poluentes tóxicos de efeito local, nas cidades.
Os gases responsáveis pelo aquecimento global exibem uma vida média de décadas. Portanto, medidas para reduzir sua emissão só terão efeito depois de muito tempo. Por outro lado, os mesmos processos de combustão de onde eles resultam emitem, simultaneamente, poluentes de permanência muito reduzida na atmosfera, mas que causam danos à saúde humana, sobretudo o material particulado fino.
Em outras palavras, fontes de combustão aquecem o planeta pela emissão de gás carbônico e metano, de longo prazo, e também como partículas finas com efeito nocivo à saúde, de curta duração, mas igualmente prejudicial. Neste cenário, os biocombustíveis contribuem para a solução, principalmente o biodiesel.
Nas cidades brasileiras, os veículos movidos a óleo diesel são responsáveis por mais da metade da poluição por partículas finas, o poluente mais associado à mortalidade precoce por doenças cardiovasculares, respiratórias e câncer no pulmão. Quanto maior a mistura de biodiesel no diesel mineral, menor será a emissão de gases de efeito estufa, de efeito global, bem como de material particulado tóxico, com impacto local.
Sustentabilidade e saúde andam juntas num caminho virtuoso
Estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade, com apoio da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), mostrou que o aumento de 5% para 7% de biodiesel no litro do diesel determinado em 2014 é capaz de evitar, numa visão conservadora, mais de 2.000 mortes prematuras, apenas nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro nos próximos 10 anos.
Em outras palavras, 2% de acréscimo de biodiesel corresponderão, em termos de saúde pública, a algo como evitar a mortalidade por dengue nestas duas regiões.
Fica claro, assim, que mudanças nas políticas energéticas podem levar, sim, a significativas melhoras na saúde humana. Por outro lado, caso a proporção de biodiesel na mistura do diesel seja elevada para 20%, nos próximos dez anos seriam evitadas cerca de 13 mil mortes nas mesmas manchas populacionais.
Ao mesmo tempo, seriam economizados mais de R$ 2 bilhões em custos de internações hospitalares e mortalidade prematura. Quando se leva em conta as demais regiões metropolitanas do país, os números são ainda maiores, embora menos precisos devido à precariedade de dados.
Paulo Saldiva – professor da Faculdade de Medicina da USP
Dada a gravidade da situação, vários países, notadamente do G7, propuseram o banimento dos combustíveis fósseis até o final do século, como ficou demonstrado na Conferência do Clima das Nações Unidas, no final do ano passado em Paris.
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Os gases responsáveis pelo aquecimento global exibem uma vida média de décadas. Portanto, medidas para reduzir sua emissão só terão efeito depois de muito tempo. Por outro lado, os mesmos processos de combustão de onde eles resultam emitem, simultaneamente, poluentes de permanência muito reduzida na atmosfera, mas que causam danos à saúde humana, sobretudo o material particulado fino.
Em outras palavras, fontes de combustão aquecem o planeta pela emissão de gás carbônico e metano, de longo prazo, e também como partículas finas com efeito nocivo à saúde, de curta duração, mas igualmente prejudicial. Neste cenário, os biocombustíveis contribuem para a solução, principalmente o biodiesel.
Nas cidades brasileiras, os veículos movidos a óleo diesel são responsáveis por mais da metade da poluição por partículas finas, o poluente mais associado à mortalidade precoce por doenças cardiovasculares, respiratórias e câncer no pulmão. Quanto maior a mistura de biodiesel no diesel mineral, menor será a emissão de gases de efeito estufa, de efeito global, bem como de material particulado tóxico, com impacto local.
Sustentabilidade e saúde andam juntas num caminho virtuoso
Estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade, com apoio da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), mostrou que o aumento de 5% para 7% de biodiesel no litro do diesel determinado em 2014 é capaz de evitar, numa visão conservadora, mais de 2.000 mortes prematuras, apenas nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro nos próximos 10 anos.
Em outras palavras, 2% de acréscimo de biodiesel corresponderão, em termos de saúde pública, a algo como evitar a mortalidade por dengue nestas duas regiões.
Fica claro, assim, que mudanças nas políticas energéticas podem levar, sim, a significativas melhoras na saúde humana. Por outro lado, caso a proporção de biodiesel na mistura do diesel seja elevada para 20%, nos próximos dez anos seriam evitadas cerca de 13 mil mortes nas mesmas manchas populacionais.
Ao mesmo tempo, seriam economizados mais de R$ 2 bilhões em custos de internações hospitalares e mortalidade prematura. Quando se leva em conta as demais regiões metropolitanas do país, os números são ainda maiores, embora menos precisos devido à precariedade de dados.
Paulo Saldiva – professor da Faculdade de Medicina da USP
Fonte: Folha de S.Paulo - retirado de BiodieselBR
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